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Praga - uma escapadela europeia perfeita

Já andávamos nisto das viagens há um aninho quando nos apareceu "no colo" a viagem a Praga. Não que o preço do voo fosse fantástico - na altura contentávamo-nos com pouco - mas calhou aparecer-nos à frente quando andávamos mais para aí virados. (Se calhar foi porque sabíamos que a nossa família ia lá estar umas semanas depois e queríamos ganhar-lhes, quem sabe?)

Praga é uma opção formidável para quem anda a desbravar caminho pela Europa - dá para aproveitar num fim-de-semana grande, é barata, bonita e exótica - dentro do mundo que é o velho continente.

Uma vista de tirar o fôlego

Uma das condições principais para aproveitar bem uma estadia curta é ficar bem localizado - o que é muito fácil, já que as opções abundam. Faz com que não tenhamos de depender do transporte público para acordar, todos os dias, no meio da ação - nem um minuto perdido.

Com isso assegurado, não há muito a saber: o melhor a fazer em Praga é passear pelas ruas, atravessar as pontes, apreciar as vistas do castelo e seguir ao pé do rio. Não é preciso mapa para isso!

E depois, mas só depois de passarem um ou dois dias a apreciar devidamente o ar livre, aprendam um bocadinho mais sobre a história de uma cidade (e de um país) que esteve muitas vezes na berlinda e no centro do conflito. Afinal, ainda há quem lhe chame Checoslováquia, certo?

 

Voo (ida e volta, por pessoa): 192 euros (Lufthansa)

Alojamento (por noite, para duas pessoas): 29 euros

Top-5 de São Petersburgo

Foi uma das cidades com mais importância histórica no século XX e nem a passagem por constantes revoltas, revoluções e guerras retirou glamour e beleza a São Petersburgo. Falar da antiga Petrogrado é também falar do coração da Rússia imperial e as marcas estão por todo o lado. Mas o que é que não se pode mesmo perder (além da vida como os Romanov)? Eis a nossa lista.

 

1. Comer à grande e à… russa

Os pishki são uma verdadeira perdição

Pastéis de Belém em Lisboa, francesinhas no Porto, po’boys em Nova Orleães, clam chowder em Boston… e pishki em São Petersburgo. A gastronomia ajuda-nos a conhecer melhor um local durante as viagens e não há nada que grite mais São Petersburgo do que os famosos fritos. São de comer à meia dúzia de cada vez…

 

2. Um passeio pelo coração imperial

Catedral do Sangue Derramado ao fundo

É uma cidade grande mas uma boa parte da história está concentrada na mesma zona. Entre a praça onde está o Hermitage, a Catedral do Sangue Derramado e a Catedral de S. Isaac, por exemplo, a distância não é grande e dá para regalar os olhos.

 

3. O inevitável Hermitage

Luxo, luxo por todo o lado

É um dos maiores e mais famosos museus do mundo e vale a pena a visita mesmo para quem não é grande fã de arte (como nós). O Palácio de Inverno é perfeito para compreender o nível de grandeza e riqueza com que os czares viviam e há salões, escadarias, salas inteiras e bibliotecas de ficar boquiaberto. A coleção de arte contemporânea no General Staff Building também merece um pulinho.

 

4. Uma aventura no metro

Plataformas são autênticos salões de baile

É como em Moscovo: os czares podiam ter os seus palácios mas o povo era brindado com estações de metro impressionantes. Façam uma seleção, comprem uma viagem e deliciem-se com o luxo e diversidade de inúmeras estações. Ver também em «As maravilhas da Rússia subterrânea».

 

5. Uma escapadela a Petergof

A imagem mais famosa de Petergof

Não fica necessariamente em São Petersburgo mas a escapadela vale a pena. É mais um palácio imponente, banhado pelo Golfo da Finlândia, e com uns jardins primorosos.

As maravilhas da Rússia subterrânea

Pode ser difícil para um português – sobretudo se estiver habituado a movimentar-se em Lisboa – compreender como passar horas na rede de um metro pode ser uma atração turística e desejada por muitos. Mas na Rússia é assim mesmo. Pelo menos nas duas maiores cidades: Moscovo e São Petersburgo.

Independentemente da estação do ano em que se visitar, esteja um sol abrasador ou um frio de estalar o esqueleto, é sempre bom reservar pelo menos um par de horas para explorar devidamente a rede de metro, conhecendo em todo o esplendor a imponência de estações que foram construídas e ornamentadas para servirem de «palácios do povo», aumentando a confiança e dando uma oportunidade para que pudessem lavar os olhos com uma beleza imponente.

 

O toca-e-foge do Metro de Moscovo

A beleza da rede metropolitana de Moscovo tem tanta fama quanto proveito. Uma pequena pesquisa na internet garante-nos inúmeras listas das estações mais bonitas a visitar – aquelas que são mesmo imperdíveis – e foi precisamente isso que fizemos antes de nos lançarmos à aventura.

Candeeiros são uma imagem de marca

Depois de fazer um top superior a dez estações, definimos as melhores coordenadas para tornarmos a viagem mais eficiente – procurar as melhores transições entre linhas pode ser uma ciência – e lançámo-nos à aventura. O metro de Moscovo parece ter apenas uma desvantagem: as intermináveis escadas rolantes que nos chegam a roubar quase cinco minutos a cada entrada ou saída. De resto, sem exagero, é praticamente tudo perfeito.

A frequência faz com que não consigamos estar muito mais do que dois minutos sem novo comboio. É o ideal, se for para o caso, para sair, ver o ambiente, fotografar e regressar à viagem na próxima composição.

A conquista do espaço representada (nunca se esqueçam de olhar para cima)

Nas estações há espaço para tudo. Homenagens à glória russa dos séculos passados ou a Lenine, elogios ao período soviético – com inúmeras marcas e símbolos associados -, à corrida ao espaço ou… ao metro de Paris.

Com inúmeros bustos, estátuas, vitrais, candeeiros impressionantes, paredes decoradas, tudo o que possam pensar ver num palácio e nunca imaginaram sequer presenciar numa rede de metro habitual.

Durante esta aventura, há conselhos que fazem sentido: nunca se esqueçam de olhar para o teto – às vezes as melhores experiências vêm mesmo daí – e tirem o tempo necessário para fotografar (como já se viu, perder o metro está longe de ser um problema). Por vezes as estações são mais bonitas repletas de gente, noutras vezes desertas, por isso o melhor é mesmo reservar um tempo para as verem de ambas as formas.

A estação que homenageia o metropolitano de Paris

Outras recomendações básicas? O metro é a forma de movimentação perfeita numa cidade com tantos pontos de interesse separados por quilómetros como Moscovo. Por isso, em princípio, deverão ter um cartão (Troika) recarregável com dinheiro. A parte boa? Com apenas uma viagem (com um custo aproximado de 50 cêntimos), poderão passar horas numa das experiências mais inesquecíveis que Moscovo vos dará. Já agora: mesmo que não estejam ativamente a ver as estações, não se esqueçam de estar atentos quando viajarem. Às vezes as surpresas trazem as melhores recordações.

 

São Petersburgo é o parente pobre de Moscovo?

Não, não é. E, embora muita gente pense que sim e associe apenas a beleza da rede metropolitana a Moscovo. Há, porém, algumas diferenças significativas entre os metros das duas principais cidades russas. A começar pela frequência de utilização: no período de três dias em que estivemos em São Petersburgo, andámos de metro apenas duas vezes (ambas no dia de despedida – uma para conhecer as estações, outra para iniciar a viagem para o aeroporto).

A rede de São Petersburgo também é significativamente mais pequena do que a de Moscovo e, como tal, tem menor probabilidade de ter tantas estações bonitas. Ainda assim, é possível escolher cerca de dez estações capazes de nos deixar de água na boca (tendo em conta que eu fotografei as de Moscovo e a Sarah as de São Petersburgo, não tenham mesmo dúvidas de que estas são muito mais apetecíveis).

Chamam-lhe palácio do povo... e percebe-se porquê

Estabelecer a rota de viagem é muito mais simples mas as transições entre linhas não são tão simplificadas em Moscovo: como há menos linhas há também menos opções. Foi também aqui que reparámos em algo que nos passou ao lado na capital: gente como nós a entrar e sair nas mesmas estações, a fotografar e a seguir viagem. É certo que chamaram a atenção por a estação estar deserta, até porque em Moscovo, agora que pensamos nisso, o difícil é não bater de frente em grupos organizados de turistas com guias locais a fazer a voltinha do metro.

Estátua de Pushkin

E o que nos oferecem as estações de São Petersburgo? Temos um pouco de tudo: visões mais futuristas, homenagens às indústrias soviéticas, odes ao desporto e, como não podia deixar de ser, muita ornamentação luxuosa, banhada a ouro, candeeiros vistosos e inúmeras referências aos ícones da luta soviética.

Aqui, ao contrário de Moscovo, não deverá ser necessário ter um cartão (a não ser que planeiem fazer muitas viagens de metro). À entrada de cada estação – sim, aqui as escadas rolantes também demoram o tempo suficiente para Tolstoi escrever mais um novo volume de Guerra e Paz – há máquinas que vendem pequenos tokens que valem uma viagem cada. O preço da viagem está padronizado e é ligeiramente mais barato que o de Moscovo.

Uma visão mais futurista

Seja numa ou noutra cidade, estejam também preparados para passarem por detetores de metais à entrada. Os controlos nunca nos parecerem verdadeiramente apertados mas dão pelo menos uma aparente sensação de segurança. O atentado em 2017 que fez onze mortos continua fresco na memória dos russos.

As estações que recomendamos:

Moscovo
Slavyanksy Bulvar (linha 3)
Kievskaya (linha 3)
Novoslobodskaya (linha 5)
Komsomolskaya (linha 5)
Tagankskaya (linha 5)
Teatralnaya (linha 2)
Mayakovskaya (linha 2)

São Petersburgo
Sportivnaya (linha roxa)
Admiralteyskaya (linha roxa)
Obvodny Kanal (linha roxa)
Mezhdunarodnaya (linha roxa)
Avtovo (linha vermelha)
Kirovskiy Zavod (linha vermelha)
Narvskaya (linha vermelha)
Pushkinskaya (linha vermelha)
Ploshad' Vosstaniya (linha vermelha)

Guia para três dias em São Petersburgo

São Petersburgo foi, durante cerca de dois séculos, a capital do Império Russo - e isso nota-se: na escala, na imponência, na arquitetura dos edifícios que nos rodeiam. Em três dias de visita há tempo para ver o melhor do centro, mas também para nos afastarmos um bocadinho e conhecermos outra das pérolas russas: Petergof.

(E se querem saber mais sobre o que é preciso para planear uma ida à Rússia ou o nosso guia para Moscovo, podem ver os posts anteriores!)

 

Dia 1 - Uma introdução a São Petersburgo

Na minha opinião, não há melhor forma de começar a conhecer uma cidade do que vê-la de cima. Como tenho vertigens, isso significa que, nas nossas viagens, o Rui sobe a um sítio bonito, tira fotografias ao panorama da cidade e mostra-me. É como se tivesse estado lá.

Catedral de S. Isaac oferece vistas privilegiadas

A minha sugestão para começarem uma visita a São Petersburgo é exatamente essa: ultrapassarem os vossos medos, calçarem os melhores sapatos e subirem à torre da Catedral de S. Isaac, onde terão uma vista de 360º sobre a cidade. A única forma de chegar lá acima é subir os degraus da torre (os primeiros 211 estão numerados mas o número ultrapassa os 250), por isso convém que a forma não esteja muito em baixo.

De regresso à terra que fomos feitos para pisar, recomendamos que explorem o Jardim de Alexandre, logo adiante, e que deem um primeiro olá ao rio Neva. O passeio pela margem, até ao Hermitage, vale a pena, e deixa-vos mais perto do vosso próximo destino.

O Pyshechnaya é um estabelecimento para onde normalmente não olhariam duas vezes, mas devem fazê-lo, haja ou não filas à porta. Vende pishki, uma espécie de fartura em forma de donuts afogada em açúcar que é impossível descrever, mas que vos fará sonhar durante semanas. Dicas fundamentais: uma pessoa saudável come uns cinco (mas pedem-se à unidade, quantos quiserem, a 15 rublos cada) e normalmente não aceitam pagamento com cartão.

Fixem estas letras: o vosso estômago agradece

Os famosos pishki

Com o estômago confortadinho, é hora de se porem a caminho da Catedral do Sangue Derramado. Quando visitámos estava em obras, assim como o mercado de souvenirs que costuma ocupar o quarteirão do lado, mas mesmo assim vale a pena uma visita. Claro que, depois de São Basílio, não tem o mesmo impacto.

Seguir pelo canal até à Avenida Nevsky e explorar essa artéria fundamental da cidade é a nossa sugestão para as horas de sol que vos faltarem (que podem ser muitíssimas, caso visitem durante o verão das noites brancas, ou mesmo muito poucas). O edifício Singer, que agora alberga uma enorme livraria (com simpáticas secções de literatura em inglês, postais e outras potenciais prendas), um restaurante e mais um par de estabelecimentos, estará na esquina dessa rua.

Do outro lado da estrada fica a Catedral de Nossa Senhora da Kazan (gratuita) cujo exterior austero não faz jus à imponência das relíquias que esconde. Visitar ao domingo é sinónimo de apanhar longas filas de fiéis que prestam a sua homenagem no altar principal.

 

Dia 2 - A Rússia dos Czares (e a arte do Hermitage)

Uma das vantagens de visitar São Petersburgo no verão é que não há pressa: sabemos que os dias vão durar e, por isso, podemos aproveitar umas horinhas extra na cama. Façam o mesmo, se puderem, para terem toda a energia possível. A primeira paragem de hoje é o Pyshechnaya, peço desculpa, o Palácio e os Jardins de Petergof.

O palácio das inúmeras fontes

O complexo, encomendado por Pedro, o Grande, para rivalizar com o Palácio de Versailles, foi construído no início do século XVIII e é tão impressionante como soa. Fica a cerca de 30km do centro de São Petersburgo, e vale a pena a visita.

Chegar lá é simples: podem apanhar um barco ao pé do Hermitage (45 minutos de viagem, bilhete 850 rublos por pessoa, só no verão); podem apanhar o metro até Avtovo, seguido de um mini-autocarro até Petergof (com um custo de cerca de 100 rublos por pessoa, 1h50 de viagem); ou podem apanhar um Táxi/Uber/whatever e viver uma experiência que nunca vão esquecer (800 rublos por trajeto, mais ou menos uma hora de viagem).

A nossa escolha foi ir de Uber (já agora, recomendo-vos que partilhem o trajeto com alguém que não esteja convosco, pois diria que há alguma probabilidade de morrerem pelo caminho) e voltar de barco, para podermos ver a cidade de um novo ângulo. A viagem não é linda, mas é interessante.

Voltando a Petergof, os jardins valem a pena a visita e um par de horas a passear. Levem comida e bebida e façam um piquenique por ali, com o barulho das fontes e do mar como pano de fundo. A nossa melhor dica para fotografias sem gente? Esperem que chova.

Não chovia... ainda

De regresso à cidade, recomendamos que a tarde seja preenchida com o Hermitage, que vos ocupará certamente um bom par (ou vários pares) de horas. Mesmo nós, que não somos pessoas de museus, acabámos por passar uma tarde praticamente inteira neste colossal complexo de edifícios. Fundamental é perceber que, assim que entram para o jardim do Palácio de Inverno, há bilheteiras automáticas de ambos os lados - não se dá por elas porque quase não têm filas. Como os bilhetes de tarifas reduzidas para cidadãos russos não podem ser comprados ali, ganham os turistas que têm de pagar os 700 rublos para entrar - mas fazem-no em 5 minutos.

Peguem num mapa, decidam as vossas prioridades e ponham-se a caminho, mas lembrem-se que há mais edifícios que o Palácio de Inverno - é no General Staff Building, por exemplo, que encontram a colecção de arte moderna. Para nós, valeu a pena fazer o percurso dos "interiores do Palácio" e observar toda a opulência que marcou o reinado dos czares, que tinham ali a sua residência.

Um dos salões imponentes do Hermitage

(E ainda se lembram que ali ao lado fica o Pyshechnaya?)

 

Dia 3 - O rio Neva e o metro de São Petersburgo

Num último dia em São Petersburgo, o que falta ver? Para nós, a resposta é o rio e o metro.

Uma das coisas mais peculiares da cidade é o seu conjunto de pontes que, todas as noites, se eleva para deixar passar barcos de grandes dimensões - o que impede que, durante algumas horas, se chegue de uma ilha a outra. Não sendo pessoas "noturnas", não pudemos apreciar o espetáculo, mas diz quem conhece que vale a pena - fica a dica.

Se o tempo estiver agradável, é perfeito para descansar

O que nós podemos recomendar é conhecer o Neva a pé, nas suas margens, atravessando as suas pontes e conhecendo as suas praias. Assim, a nossa sugestão é que comecem o dia com um passeio que passe pela Ponte do Palácio e, depois, pela Ponte Birzhevoy, até chegar à Fortaleza de Pedro e Paulo. Trata-se da cidadela original de São Petersburgo e tem, dentro das suas muralhas, uma série de museus, edifícios militares e igrejas. Em redor encontram uma praia que, consoante os dias, pode ser boa opção para uns banhos de sol... ou para ver uma prova de vela, quem sabe.

Metro de São Petersburgo é uma das atrações da cidade

À semelhança do que recomendámos para Moscovo, também em São Petersburgo sugerimos que terminem a vossa viagem com um passeio pelo metro, que é uma atração em si mesmo. Nos próximos dias falamo-vos mais sobre esta ideia.

Top-5 de Moscovo

 

É a capital da Rússia, é uma cidade imponente e, ao mesmo tempo, capaz de nos fazer sentir em casa num par de horas. A barreira da língua e do alfabeto existe mas pode ser contornada e fazer-nos repetir movimentos e gestos – e até expressões que assimilamos em russo – como se pertencêssemos. Parece impossível? Moscovo é mesmo assim. E este é o nosso top de coisas imperdíveis.

 

1. Relaxar na Praça Vermelha

Praça Vermelha com a Catedral de São Basílio ao fundo

Se alguma vez vos disseram que todos os caminhos vão dar a Roma, mentiram. É na Praça Vermelha que toda a gente se concentra. Lugar histórico, é grande e com motivos de interesse suficientes para haver espaço para toda a gente. O Kremlin, o Mausoléu de Lenin, a Catedral de São Basílio, o centro comercial Gum e o Museu Histórico do Estado são planos de fundo para múltiplas selfies. Passeiem, divirtam-se e se estiverem cansados deliciem-se a olhar para a azáfama da multidão enquanto se sentam no chão (sim, esta também parece ser uma tradição).

 

2. Um passeio no Metro de Moscovo

Dica: olhar sempre com atenção para cima

Tem a fama de ser um dos metros mais bonitos do mundo… e o proveito. A rede é enorme e obriga a pesquisa, mas não vão dar o vosso tempo perdido a cada plataforma que visitam. Vê-se de tudo: traços soviéticos, lindíssimos murais, estátuas e até alguma visão futurista. A frequência dos metros faz com que a experiência seja ainda mais fluida (estás a ouvir, Lisboa?).

 

3. Museu Memorial da Cosmonáutica + Centro Panrusso de Exposições

Recordações da corrida ao espaço

Estão colados um ao outro – apesar da distância – e é difícil separá-los nesta lista. Mesmo que não queiram entrar nos museus, as vistas exteriores compensam. O monumento cosmonauta é impressionante e está rodeado de estátuas de figuras como Gagarin e… Laika. Na praça ao lado, poderão ver belíssimas fontes e estilos arquitetónicos diversos em homenagem a cada uma das antigas repúblicas soviéticas socialistas.

 

4. A vista da Colina dos Pardais

Estádio Olímpico em primeiro plano

Sabe bem fugir um pouco do centro e ter uma visão mais verde e abrangente de Moscovo. É um viveiro de turistas e até de noivos acabados de casar à procura das melhores sessões fotográficas. Podem ver desde o Estádio Luzhniki à parte mais moderna da cidade, cheia de edifícios altos, passando pelas míticas igrejas de inspiração soviética.

 

5. Passeio junto ao rio Moscovo

Kremlin a servir de emplastro

É uma zona in, sobretudo junto ao Monumento a Pedro, o Grande, mas no parque Gorky, mesmo ali ao lado, terão uma experiência diferente: é lá que está o cemitério das estátuas, onde se juntaram bustos e todo o tipo de monumentos obsoletos do período soviético.

Guia para três dias em Moscovo

Moscovo é uma cidade enorme, pronto, não há forma de fugir. Ainda assim, é possível tratar dos "clássicos" numa visita de três dias, e esta é a nossa sugestão.

Um pequeno aparte: apesar de ser muito fácil adquirir um cartão de dados móveis ilimitados durante a estadia, há uma série de redes de wi-fi gratuitas em várias zonas da cidade, inclusive no metro. Devido a uma mudança na legislação, terão de passar apenas por um pequeno controlo de confirmação: seja recebendo uma sms com um código – que nem sempre chega – ou ligando para um número, sem custo de chamada.

E se quiserem saber o que é preciso para planear uma viagem à Rússia ou se, em vez de Moscovo, estiverem mais interessado num guia para São Petersburgo, podem ir cuscar os outros posts que escrevemos sobre o assunto!

 

Dia 1 - Como fugir à Praça Vermelha?

Não há volta a dar: o vosso primeiro destino em Moscovo deve ser a Praça Vermelha, que é tal e qual como nos filmes, só que melhor. A Catedral de São Basílio é o elemento de destaque na praça, mas há mais para ver: o GUM, um dos principais (e históricos) centros comerciais da cidade fica ali, também, assim como o Mausoléu de Lenin e as paredes do Kremlin. Não há sítio melhor para fazer people watching do que naquela vastidão de espaço, e também é ali que podem finalmente "entrar" no espírito da capital russa.

Praça Vermelha com o Museu Histórico do Estado ao fundo

Dentro das paredes do Kremlin fica o complexo de museus, que inclui uma série de catedrais - a admissão é de 700 rublos - e o Palácio do Arsenal, acessíveis ao público, e ainda a residência oficial do Presidente.

Depois de deixarem o tempo correr por ali, a nossa sugestão é que contornem o Kremlin, percorram os seus jardins - onde podem encontrar, por exemplo, o Túmulo do Soldado Desconhecido, até chegarem ao pé do rio. Aí, sobre a ponte, terão nova (excelente) oportunidade para uma photo op.

Catedral de Cristo Salvador do outro lado do rio Moscovo

Seguindo para sudoeste, vão dar de caras com o Monumento a Pedro, o Grande, no meio do rio Moscovo, com a Catedral de Cristo Salvador ao fundo. A zona "norte" do Parque Gorky, onde fica o Palácio das Artes e uma das mais peculiares atrações da cidade - o "cemitério das estátuas" são uma ótima opção para aproveitar o fim de tarde.

Uma das atrações no cemitério das estátuas

 

Dia 2 - À conquista do espaço e de "tudo o que é russo"

Apesar o Museu da Cosmonáutica ter sido uma desilusão - não pelo museu em si, mas porque a maior parte da exibição está apenas em russo e, por isso, mesmo com muita vontade e algum conhecimento de cirílico, inacessível - a verdade é que a zona que o rodeia vale a viagem de metro até lá.

Só um é capaz de vos levar à lua...

Depois de explorarem convenientemente os monumentos que celebram a conquista do espaço, e o maravilhoso poderio russo sobre todos os outros povos neste domínio, sigam em direção ao Centro Panrusso de Exposições, uma espécie de Parque das Nações à soviética, com pavilhões dedicados aos vários países que fizeram parte da URSS.

Nem todos estão abertos ao público, mas o sítio vale pelo passeio, pelo contemplar da arquitetura e pelo maravilhoso dia de calor que vão encontrar (ah, fomos só nós? Sorry...).

Um dos pavilhões dedicados às antigas repúblicas soviéticas socialistas

Mantendo o tema do dia, mas assumindo que, também aqui, as exposições só em russo são um problema, a nossa sugestão para a tarde é o Museu da Vitória, dedicado à II Guerra Mundial. Apesar de não conseguirmos ficar com uma nova visão do conflito, há alguns elementos do museu - como os vários dioramas militares ou a recriação de Berlim bombardeada - que são independentes da explicação e valem muito os menos de cinco euros de entrada (já o complexo de tanques e material militar no exterior? Not so much).

Um dos impressionantes dioramas sobre a guerra

 

Dia 3 - O metro de Moscovo e as vistas da cidade

No último dia sugerimos que façam uns passeios mais calminhos pelos locais que não podem perder: na Colina dos Pardais, ao pé da Universidade de Moscovo, terão uma vista magnífica sobre a cidade; ali ao lado, o Luzhniki acolheu os Jogos Olímpicos de 1980 e é a casa da Federação Russa de Futebol... mas só vale a pena a visita se forem meio doidos (nós podemos, ou não, ter passado por lá).

O Estádio Olímpico ao fundo... não podia faltar

Já na rua Arbat, uma das poucas artérias pedonais existentes na capital, podem encontrar todas as lojas e mais algumas - pode ser uma boa opção para souvenirs de última hora. "Não falo russo" é, ainda assim, a frase que provavelmente dirão mais vezes durante um passeio por lá.

As estações do Metro de Moscovo são impressionantes

Finalmente, o metro de Moscovo vale um par de horas de passeio só para o apreciar. No nosso caso, assinalámos num mapa as estações que queríamos visitar, descemos as primeiras escadas rolantes quilométricas – Tolstói poderia muito bem ter escrito o Guerra e Paz só numa destas viagens - e fomos seguindo, linha a linha, até vermos tudo o que queríamos. A experiência vai valer um post nos próximos dias, com mais detalhe, mas essa é a nossa sugestão para acabarem a vossa visita, quando os pés implorarem por menos atividade.

Como a Rússia é uma aventura ainda antes da viagem

 

Ir à Rússia estava nos nossos planos há vários anos mas fomos adiando consecutivamente na agenda para evitar todo o peso burocrático que uma viagem destas carrega. Apesar de já ter ido, não posso dizer que tivesse grande experiência a planear uma aventura destas: foi em 2000, tinha 15 anos e não tive de mexer uma palha.

O que é essencial fazer assim que se decidir visitar a Rússia? Um passaporte com pelo menos mais seis meses de validade depois do fim da viagem pretendida, um formulário para obtenção de visto, um documento de uma agência de viagens/hotel/entidade apta para o efeito a confirmar o «recebimento de turista estrangeiro» e um seguro de viagem com uma cobertura mínima por morte ou invalidez permanente por acidente de 50 mil euros.

Catedral de São Basílio

E, claro está, tudo isto tem de estar preparado, pronto e confirmado no momento em que fizerem o pedido de aplicação de visto. As opções são várias: o centro de vistos pode ser a escolha mais regular – até por ficar no centro de Lisboa -, mas nós optámos por ir à secção consular no Restelo. Importante: os pedidos no consulado só podem ser feitos com marcação prévia e são tratados ou às segundas ou às quintas-feiras (9h30 às 11h30).

Mais conselhos que podemos dar sobre esta parte chata? Recorremos ao iVisa.ru para garantir a confirmação de recebimento de turista estrangeiro (pareceu-nos a solução com o melhor rácio facilidade/preço) e… não sejam – nunca – preguiçosos. Por exemplo: se, depois de fazerem o pedido de visto, tiverem um papel a dizer que podem levantar a partir da segunda-feira de duas semanas depois, não deixem para o dia seguinte se acordarem com sono.

Depois de lerem isto não deve acontecer, mas o que diriam se fossem lá na terça-feira e estivesse fechado? E novamente na quarta apenas para vos dizerem que o serviço é só às quintas-feiras? E novamente na quinta para – finalmente – tratar o assunto e perceberem que já são quase prata da casa e sabem os horários ao minuto dos autocarros que podem apanhar. Não sejam como o Rui, não sejam totós.

Museu Memorial da Cosmonáutica

Há uma última recomendação pré-viagem que vale a pena dar. Apesar de se conseguir fazer perfeitamente uma semana na Rússia sem falar uma palavra da língua ou compreender o alfabeto cirílico, pode valer a pena preocuparem-se com o essencial. No meu caso, não foi uma aventura nova. Mas preocupei-me em dominar mais facilmente o alfabeto e diverti-me durante umas semanas a ouvir um podcast para aprender russo. Acreditem: dominar o alfabeto agiliza a vossa viagem e ser capaz de um diálogo (mesmo que muito básico) torna a pessoa mais aberta ao nosso esforço e, ao mesmo tempo, garante-nos um estranho estado de satisfação. Apesar disso, não deixa de ser irónico que a frase mais utilizada durante estes dias tenha sido «eu não falo russo»… em russo. Sim, preparem-se para ser abordados na rua várias vezes.

Se não se quiserem dar a este trabalho, ou simplesmente preferirem ter uma rede de segurança, vale muito a pena recorrerem à app do Google Translate que faz a tradução automática… quase sempre sem dificuldades.

 

Os transportes em Moscovo e São Petersburgo

Numa viagem com um peso burocrático e logístico tão grande, não podíamos deixar de fazer as duas grandes cidades. Os transportes em Moscovo e São Petersburgo são um mimo. As duas redes de metro são muito eficazes e com uma frequência impressionante. Estão relativamente bem preparados para turistas (mais a de Moscovo) e permitem-nos chegar praticamente a todo o lado.

O transporte de e para os aeroportos, contudo, implica outras soluções (se não quiserem, claro, recorrer ao táxi). À chegada a Domodedovo, há dois tipos de comboio. Podem ir numa solução mais turística, confortável, moderna e… cara (Aeroexpress) ou, como nós, numa versão suburbana, praticamente sem turistas e obviamente mais barata. É a diferença entre 500 e 110 rublos… e vinte minutos de viagem. No caso de São Petersburgo, o autocarro 39 liga vários pontos da cidade ao aeroporto de Pulkovo. Em ambos os casos, a ligação à rede do metro torna a chegada ao sítio para onde querem ir mais fluida e eficaz.

Autocarros no centro da cidade e serviços de transporte individual também são uma hipótese mas há três aspetos negativos: o trânsito consegue ser caótico e, apenas para o transporte individual, pode ser mais caro e uma verdadeira roleta-russa na possibilidade de apanharem um louco ao volante.

 

E o que realmente interessa…

Fazer a viagem em julho ajudou a ver Moscovo e São Petersburgo de uma forma mais apelativa. O frio, o que existiu em São Petersburgo, foi perfeitamente suportável – o suficiente para não ter levado nenhum casaco de Lisboa (por esquecimento) e não me ter arrependido – e a chuva só incomodou verdadeiramente num dia. De resto, até tivemos mais calor do que qualquer outra coisa. Foi possível andar de t-shirt e desejar ter uns calções e chinelos à mão.

Praça do Palácio com o Hermitage ao fundo

Moscovo e São Petersburgo são radicalmente diferentes mas ambas aconselháveis. Da arquitetura soviética que impressiona – temos matéria-prima suficiente para fazer um top-10 de fotografias só da Catedral de São Basílio – à história de um país com uma riqueza cultural infindável, o difícil é encontrar razões para não gostar de uma viagem destas.  A gastronomia é perfeita para quem gosta de cogumelos (cof, cof, Sarah) e os pishki de São Petersburgo são, muito possivelmente, o melhor doce que provavelmente nunca provaram.

Sim, a aventura de planear e garantir uma viagem à Rússia pode ser custosa. E, com isso, ter-nos adiado a ideia durante alguns anos. Mas, no final, compensou. E muito. Como vão poder perceber nos próximos posts.

 

Voo (ida para Moscovo, regresso de São Petersburgo, por pessoa): 357 euros (TAP)

Alojamento (por noite, para duas pessoas): Moscovo, 45 euros // São Petersburgo, 57 euros

Comboio (Moscovo-São Petersburgo): 29,75 euros