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Top-5 do Japão

 

Fazer uma lista das melhores coisas a fazer num país como o Japão é tão ingrato que nem sequer devia ser possível. O país oferece muito de tudo um pouco e quase conseguíamos fazer inúmeros top-10 de coisas que gostaríamos de ter visitado mas que tiveram de ser adiadas para uma futura visita (vai acontecer, é uma questão de tempo). Depois de muitas indecisões, chegámos a esta lista. Pode ser que ajude.

 

1. Visitar o Museu da Paz em Hiroshima

A hora fatídica

Não é a atividade mais divertida – nem pouco mais ou menos – mas conhecer o Japão é também aprender mais sobre uma das páginas mais negras do século XX. No coração da cidade, não muito longe de onde caiu a bomba, o Museu da Paz de Hiroshima oferece um espaço que promove a reflexão e o contacto com a história das milhares de vítimas, das crianças aos mais velhos.

 

2. Madrugar em Quioto com o Fushimi Inari

O amanhecer é... lindo de morrer

Local perfeito para fotografias, o Fushimi Inari é muito mais que isso. Se chegarem cedo (mas mesmo cedo, por volta das sete da manhã), vão poder andar livremente e desfrutar de cada um dos segmentos de toriis consecutivos a perder de vista. O silêncio e o ar da montanha fazem com que se sintam no sítio certo, os inúmeros degraus nem por isso. Mas vale muito, muito, muito a pena.

 

3. A comida, claro, a comida!

Comida para dar e vender (vá, só para vender)

Podemos falar do ramen de Sapporo, da comida de rua de Osaka, do okonomiyaki de Hiroshima, dos pequenos donuts de soja em Quioto, de tudo e mais alguma coisa em Tóquio. É impossível estar no Japão sem ficar rendido à sua gastronomia. Façam dieta antes da viagem, se for preciso, mas não deixem ficar nada por comer durante aqueles dias. Acreditem, vão sentir falta quando voltarem.

 

4. Um final de dia em Asakusa

Uma das zonas com melhor ambiente de Tóquio

Já dissemos quase tudo no guia de Tóquio: «Vale a pena visitar a qualquer hora, mas ao anoitecer ganha um encanto especial, já que tem várias ruas completamente cheias de restaurantes e um mercado que vos vão permitir experimentar um pouco de tudo». E as cores, as cores com o pôr-do-sol enfeitiçam.

 

5. Ser engolido pela azáfama em Shibuya

A "sorte" de ir em época baixa

O Japão é um país tão singular que tem numa passadeira para peões uma das suas atrações mais… movimentadas. Fica em Shibuya, perto de uma das zonas mais concorridas da cidade, e chega a receber milhares de pessoas – entre trabalhadores, jovens estudantes e turistas – por minuto. Depois de se divertirem no meio da confusão, sugerimos a subida ao topo do edifício Magnet, seja para o observatório ou para o Shibuya Parlor, um excelente local para uma sobremesa deliciosa… com vista para a passadeira. Encarem esta sequência como a bonança antes da tempestade.

Comer até rebentar no Mercado Nishiki em Quioto

Há várias formas interessantes de passar um bom par de horas em Quioto, mas talvez nenhuma seja melhor (e, certamente, não há nenhuma mais gulosa) do que percorrer a azáfama do Mercado Nishiki e seguir os cheiros e sons até às maravilhas culinárias daquela cidade japonesa.

Os famosos "polvinhos"

Depois de termos acordado muito antes daquilo que normalmente faríamos para bater as multidões nalguns dos mais emblemáticos locais de Quioto (e de ter valido muito a pena - link), o Mercado Nishiki foi uma ótima opção para fazermos uma espécie de almoço tardio ou lanche ajantarado - diz que agora os chiques lhe chamam linner - e podermos experimentar, de uma só vez, uma série de iguarias que nos andavam a piscar o olho. Que este mercado fique bem próximo do hotel onde estávamos hospedados, na Nishikikoji-dori, foi só uma coincidência que tornou tudo ainda mais fácil de fazer.

O que não torna a experiência mais fácil, infelizmente, é o facto de o mercado se estender por uma rua estreitíssima e ter sempre centenas de pessoas - a espaços, é uma batalha conseguir dar mais de cinco passos por minuto. Mas vale a pena, acreditem. Só não se esqueçam de não comer enquanto andam - a regra número um quando se visitam mercados no Japão. Ou comem em frente ao sítio onde compram as coisas, ou guardam tudo no saquinho até arranjarem um poiso para o vosso piquenique.

Uma das muitas bancas que nos piscaram o olho durante a visita

O Mercado Nishiki agrada a gregos e troianos, o que, neste caso, quer dizer locais e turistas. Há bancas com legumes frescos ao lado de outras que vendem saquinhos de chá preparados para levar no avião de regresso, produtos a granel ao lado de grelhas com maravilhas prontas a comer e, na mesma banca, encontram peixe fresquíssimo e produtos já confecionados para experimentar na hora.

Nós começámos pela ponta este e, logo de início, demos de caras com os mini-polvinhos que, tradicionais ou não, já faziam parte do nosso imaginário antes de chegarmos. E se a primeira, segunda ou terceira banca não nos convenceram, não demorámos até parar junto de uma loja com espetadas grelhadas para abrir o apetite - escolhemos caranguejo e "massa" com polvo, e não saímos dececionados.

Os pastéis que fizeram as nossas delícias

Um pouco mais à frente, rendemo-nos então ao polvinho, mais o seu ovo cozido na cabeça; o veredito? Prefiro uma perna mais grossa, e já agora à lagareiro. Uma nova paragem para um clássico, a ver pela quantidade de japoneses que os levavam aos sacos de dez para casa: fritos variados, em forma de pastel. Para nós, camarão e cebola, mas teríamos certamente mais de vinte variedades à escolha.

Ao longo do mercado há frutos secos, há chás de variadíssimas cores e sabores - claro que predomina o matcha -, há sushi e carne grelhada, há sopa - o que não há é falta de escolha. Nem dúvidas quanto à última paragem que faríamos, nos famosos donuts de leite de soja da Konnamonjya. Confesso que tive um momento de pânico ao pensar que podíamos não encontrar esta "referência" nishikiana, mas rapidamente se desvaneceu. Lá estavam, na esquina, em todo o seu esplendor, acabados de fritar. Experimentámos os simples (vendidos aos dez), mas para ocasião futura ficou a promessa de voltar e provar os cobertos de chocolate ou caramelo.

Donuts de leite de soja

Quando Sapporo foi a capital do râguebi

 

«Demasiado cedo» é uma expressão que não figura no nosso vocabulário. Se virmos bem, pensámos que queríamos ir ao Japão para o Mundial de Râguebi quatro anos antes e garantimos bilhetes para dois jogos com… vinte meses de antecedência.

Visitar Sapporo pode não estar nas listas de coisas a não perder durante uma visita ao país do sol nascente, mas aproveitar para visitar a cidade de olhos postos no Mundial foi a oportunidade perfeita. Para nós e para milhares de ingleses e australianos.

Austrália-Fiji foi o primeiro jogo do fim de semana

Haver dois jogos em dias consecutivos, logo no primeiro fim-de-semana do Mundial e com dois grandes candidatos ao título, fez de Sapporo a primeira grande capital da competição. E a cidade da prefeitura de Hokkaido, no norte do Japão, mostrou estar preparada para tal.

Por toda a cidade havia referências à competição, inúmeros sítios para ver os jogos (desde a fan zone a vários locais ao longo uma avenida subterrânea) e centenas de voluntários dispostos a ajudar. A Sapporo Dome, a arena que recebeu os dois jogos, é uma das obras de arte no que diz respeito a construções desportivas do país e fez furor nos dias que antecederam a prova graças a um vídeo que mostrava como se transformava em poucas horas caso recebesse jogos de futebol, basebol ou râguebi – mas não está propriamente no coração da cidade.

Sapporo Dome e o espaço exterior para o relvado

Esse não foi um problema. Mesmo que o trânsito tenha sido ligeiramente cansativo, houve inúmeros shuttles a sair de pontos nevrálgicos de Sapporo – com destaque óbvio para a fan zone no Odori Park – que nos levaram até ao magnífico recinto.

As recomendações – não que precisássemos delas – apontavam para uma chegada cedo e nós fizemos-lhes a vontade. É sempre bom entrar no estádio e vê-lo a vestir-se lentamente até estar pronto para o pontapé inicial. Do que não estávamos à espera, sobretudo depois de a passagem pela segurança ter sido tão rápida e eficaz, era das filas intermináveis para as bancas de merchandising e, principalmente, comida (o jogo de sábado calhou em cima da hora de almoço).

Houve quem tenha aproveitado para um banho de sol (e uma sesta?) nas redondezas

O ambiente na arena era, acima de tudo, de orgulho. Notava-se a vontade dos japoneses em mostrar o melhor que tinham – houve atuações de grupos tradicionais locais e outras referências culturais nipónicas – e, ao mesmo tempo, uma vertente pedagógica que ensinava quais eram os momentos-chave de um jogo de râguebi.

Tal como nós, muitos adeptos que ali estavam tinham packs cidade, que, na categoria mais baixa, tinham custado cerca de 100 euros e davam acesso aos dois jogos do fim-de-semana: Austrália-Fiji e Inglaterra-Tonga. Como é natural, o ambiente foi interessante: no primeiro dia havia muitos ingleses a torcer por Fiji e, no segundo, australianos a torcer por Tonga. Afinal, rivalidades ainda são rivalidades. Em qualquer lado do mundo.

Nenhum dos jogos foi espetacular, embora o Austrália-Fiji tenha prometido até ao início da segunda parte. Por outro lado, a organização insistiu em tornar cada momento uma oportunidade de festa. Em alguns casos, percebeu-se que o público não correspondeu, como quando ignoravam os pedidos para repetição de um famoso grito japonês (mais tarde, pela televisão, vimos milhares de espetadores noutros estádios responderem na perfeição), mas de resto sentia-se a alegria contagiante, natural quando a prova ainda está tão no início e o que vai acontecer permanece uma perfeita incógnita.

O «haka» das Fiji chama-se cibi

Há momentos que se tornam inesquecíveis. Os «hakas» adaptados de Fiji e Tonga são os primeiros grandes momentos de interesse mas não há nada que provoque tanta ansiedade e festa como quando há ensaios anunciados. O que mais nos marcou foi, sem grande contestação, quando o fijiano Waisea Nayacalevu intercetou um passe australiano no início da segunda parte e correu mais de 40 metros para o ensaio, com um voo espetacular, na direção dos suplentes que ali aqueciam e já com o público todo de pé, a vibrar de antecipação com aquele lance magnífico que deixava Fiji a ganhar, surpreendentemente, por 21-12. Seria, infelizmente, sol de pouca dura.

O facto de ser uma arena coberta ajudou a tornar o ambiente mais ensurdecedor em alguns momentos, sobretudo com um público japonês que, não sendo o mais educado para o râguebi, está cada vez mais apaixonado pela modalidade. E, claro, não esquece os seus heróis, aplaudindo de pé e com grande estrondo quando o selecionador de Inglaterra, Eddie Jones, filho de uma japonesa e grande obreiro da campanha nipónica em 2015, foi anunciado.

Fim de semana fechou com o Inglaterra-Tonga

No meio de tantos momentos inesquecíveis, destacou-se também um último. As dezenas de voluntários que trabalharam nas entradas da Sapporo Dome fizeram uma espécie de corredor nas portas de saída, aguardando pelos mais de 35 mil espetadores que assistiram ao último jogo que a cidade viu. De sorrisos contagiantes, cumprimentavam (com high fives) todos os que iam saindo.

Foi uma dicotomia interessante. Sapporo pode ter sido a primeira capital do Mundial de Râguebi mas também foi a primeira cidade a despedir-se do evento, quando este estava ainda tão no início. Para eles, que tanto tinham feito para garantir que nada faltava, era um orgulho e um momento de enorme felicidade estar ali. E já sentiam saudade. Nós também.

Guia para um dia em Hiroshima

 

Quando começámos a planear a nossa viagem ao Japão, era completamente claro para nós que Hiroshima tinha de fazer parte do itinerário. Apaixonados por história contemporânea, não podíamos deixar passar a oportunidade de visitar a cidade destruída pela bomba atómica em 1945. Claro que, por isso mesmo, muita da nossa visita foi passada entre os monumentos e memoriais que lembram esse dia fatídico de 6 de agosto, mas a cidade é muito mais do que isso.

Castelo de Hiroshima

(Nota prévia: a ilha de Miyajima, próxima de Hiroshima, é um destino muito popular para quem visita a segunda e poderia ser incluída numa visita de um dia, mas muito ocupado. Por ser, para nós, uma das cinco paragens que faríamos numa viagem de dez dias, decidimos que preferíamos ter uma jornada mais calma e ficar só na cidade - parece que vamos ter de voltar para explorar as redondezas.)

A minha sugestão é que comecem, assim que chegarem, pelo Museu da Paz, e que não apressem a visita. Ao contrário do que acontece noutros museus pelo Japão, toda a exposição está em inglês e são verdadeiros sucessivos murros no estômago aqueles que vamos sentindo à medida que, sala a sala, nos apercebemos da história que envolve o bombardeamento atómico de 1945.

Há várias peculiaridades que só ficámos a saber ao visitar o museu: por exemplo, que grande parte das crianças em idade escolar estavam, naquele dia, mobilizadas em "esforços de demolição" para preparem a cidade para um potencial bombardeamento inimigo - com bombas tradicionais.

O museu está muitíssimo bem conseguido e visitá-lo é uma experiência inigualável - depois, podem desanuviar pelo parque Memorial da Paz, em que está integrado, para começar a explorar uma cidade que, apesar de ter bem presente a sua história trágica, soube reerguer-se e triunfar.

Parque da Paz

Alguns dos marcos de visita mais interessantes no parque são o cenotáfio central, o memorial da chama eterna (que só será apagada quando o arsenal nuclear for eliminado de todo o mundo) o monumento aos professores e crianças vítimas da bomba atómica ou o memorial das crianças. Andando para norte, vão acabar por dar de caras com a Cúpula da Bomba Atómica - a ruína do único edifício no centro da cidade que resistiu ao bombardeamento.

A famosa cúpula de Hiroshima

Depois de uma manhã passada entre monumentos que relembram a tragédia e, ao mesmo tempo, celebram a vida e a reconstrução, o vosso estômago deve agradecer uma refeição bem composta. A nossa sugestão é que sigam por uma das maiores artérias comerciais da cidade - a rua Hondori - até ao Okonomimura: um edifício com três andares totalmente dedicados à versão de Hiroshima de um dos pratos clássicos japoneses: o okonomiyaki.

Vão à confiança, espreitem os vários restaurantes e sentem-se no que vos parecer ter melhor pinta. Mas, sobretudo, cheguem com fome.

Um okonomiyaki delicioso

Durante a tarde, explorem a zona norte do centro: primeiro, dirijam-se ao Castelo de Hiroshima para apreciar as diferenças entre esse e os vários outros que encontrarão na vossa viagem ao Japão. A entrada é 370Y, mas talvez não valha a pena o investimento - afinal, a arquitetura aprecia-se por fora.

Depois, rumem ao Jardim Shukkeien, construído originalmente em 1620 e retocado ao longo dos anos pelos sucessivos "lordes" que por ali reinaram. Foi, depois do bombardeamento atómico, reconstruído e é um belíssimo local para apreciar a passagem do tempo pela natureza - os mapas que recebem à entrada mostram-vos os melhores locais para observar as cerejeiras no verão ou a folhagem em mudança no outono, por exemplo. Um verdadeiro oásis no meio da cidade dinâmica e concorrida que Hiroshima hoje é.

Guia para dois dias em Sapporo

 

Como é que se consegue aproveitar uma cidade que é o paraíso do inverno japonês e de cerveja… durante o verão, e sem beber? Fazer um guia de Sapporo não é simples, sobretudo para quem visitou a cidade da ilha de Hokkaido num fim-de-semana em que as ruas estavam invadidas pelos adeptos de râguebi, mas voltámos com um punhado de ideias que podem dar para todas as ocasiões… e interesses.

Vista sobre Sapporo de um dos palcos dos Jogos Olímpicos

 

Explorar a zona central com uma escapadela ao fim da tarde

Sapporo é uma cidade que encanta japoneses e estrangeiros quando há neve – não é por acaso que tem uma das estâncias de esqui mais conceituadas da Ásia e já organizou uns Jogos Olímpicos de Inverno – mas consegue manter uma beleza muito própria durante os outros meses.

O Odori Park é o coração verde no centro da ação. Se forem fãs de alturas, poderão subir ao topo da Torre da Televisão e ver a forma como aquela artéria repleta de árvores se estende, com prédios dos dois lados, até se perder num tribunal ao fundo, com as montanhas como cenário lá atrás.

A famosa Torre da Televisão

Os caminhos para explorar Sapporo podem ser labirínticos e alguns até são mais amigáveis feitos por baixo de terra. Como forma de proteção contra o inverno rigoroso, a cidade está munida de uma verdadeira avenida subterrânea, com lojas, sítios para comer e entradas diretas para edifícios de escritórios ou centros comerciais, desde a estação de Susukino até à estação de comboios central. Mais não seja, pode ser um trunfo importante para fazer este trajeto sem parar nos múltiplos semáforos e cruzamentos que existem na estrada.

Não muito longe do Odori Park está o Mercado de Nijo. Uma delícia para os fãs de comida japonesa, consegue ser muito concorrido nas horas próximas do almoço mas, para os verdadeiros fãs, o truque é chegar logo de manhã. As melhores bancas de caranguejo das neves esgotam normalmente o stock antes das 10h00. O que vos recomendamos é que não cheguem muito tarde, vejam o primeiro movimento do dia e, se for caso disso, comecem a aguçar o apetite com o que veem.

Uma das delícias para experimentar em Sapporo

Ainda no centro da cidade, poderão querer ver também a Torre do Relógio, uma estrutura mais antiga, sobretudo quando comparada com a Torre da Televisão, e que até faz lembrar o famoso edifício do Regresso ao Futuro. Se quiserem continuar para norte, vão encontrar ainda o Government Building, mais uma estrutura que nos remete para décadas passadas e com um excelente jardim para passar alguns minutos caso já sintam as pernas a vacilar.

A meio da tarde, se estiverem com vontade de uma escapadela, uma visita a Otaru pode ser uma excelente hipótese. A vila piscatória está a cerca de 40 minutos de Sapporo, por comboio, e o percurso é um mimo para os olhos. Com uma boa parte junto ao mar, poderão ficar rendidos à morfologia de Hokkaido, com montanhas a crescerem praticamente em cima da água e com cores muito próprias. Chegados a Otaru, basta seguir a avenida que desce até ao mar - aproveitem para fazer o percurso junto ao famoso canal, com edifícios antigos e bons sítios para comer. Dica: a viagem de barco, mesmo que tenha uma grande fila, pode não valer de muito. É um trajeto curto – nós fizemo-lo praticamente a pé – e não achámos que valesse o investimento.

Quando decidirem regressar a Sapporo, dependendo do sítio onde ficaram hospedados, poderão querer explorar a zona de Susukino. É o coração da noite de Sapporo, cheia de luzes e com espaços de diversão noturna para todos os gostos e feitios. Se ainda não tiverem jantado, também poderão encontrar muitos e bons restaurantes por aqui.

 

Desporto, vistas ou cerveja?

A nossa estadia em Sapporo foi “patrocinada” pelo Mundial de Râguebi, com os dois jogos a tomarem muito do nosso tempo. Mas nem por isso deixámos de polvilhar a visita com mais desporto, nomeadamente com a ida a um dos palcos dos Jogos Olímpicos de Inverno em 1972.

No Estádio Okurayama, onde se disputaram as provas de saltos de esqui, podem não só fazer a viagem de chair lift – um terror para quem tem vertigens – até ao topo e beneficiar da melhor vista que poderão desejar sobre Sapporo, como visitar o excelente Museu Olímpico.

Aqui, além da história da evolução dos Jogos Olímpicos de Inverno, e não só, poderão também testar vários simuladores que vão desde os saltos de esqui (um de nós fez 122 metros, cof, cof) ao bobsleigh, passando pelo cross country e pela patinagem de velocidade (um de nós pode, ou não, ter feito uma terrível figura num vídeo que nunca será partilhado). Nós somos fanáticos por desporto, é certo, mas vimos ali potencial de interesse para todas as pessoas.

Um dos simuladores disponíveis no Museu Olímpico

Há quem goste de ver desporto sempre acompanhado por cerveja fresquinha. Nós não bebemos, por isso não sentimos o chamamento para visitar o Museu da Sapporo Beer. Numa outra altura, talvez o tivéssemos feito de qualquer forma, mas entendemos que tentá-lo num fim-de-semana com milhares de australianos e ingleses poderia não ser o mais recomendado.

Se são fãs de vistas e de natureza, poderão também tentar dar um pulinho ao Moerenuma Park, um projeto de autor com algumas excentricidades, mas sempre numa simbiose perfeita com a natureza. Finalmente, não vale sair de Sapporo sem experimentar o tradicional ramen daquela cidade, feito à base de miso - e perfeito para aguentar o frio dos longos meses de inverno a norte. O local ideal para o fazer é a Ganso Ramen Yokocho - diz-se que é a «viela» onde nasceu esta versão da sopa. Um único aviso: os restaurantes têm quase todos entre seis e dez lugares, pelo que a fila pode ser grande, mas em princípio a espera não será demasiado longa.

Guia para um dia em Osaka

 

Há quem defenda que Osaka pode ficar de fora numa viagem aos "highlights" do Japão. Eu não concordo - e não é só por ser sua a capital culinária. A cidade tem uma atmosfera muito própria que, nos dez dias que passámos a explorar o Japão, não conseguimos encontrar em mais lado nenhum; tem (não é possível escapar) alguma da melhor comida que provámos; e também tem paragens históricas obrigatórias para apreciar um bocadinho melhor a segunda maior cidade daquele país.

Claro que o tempo nem sempre abunda e, não podendo ficar um mês em cada sítio, às vezes temos de condensar as visitas - foi o que fizemos em Osaka e é assim que nasce este guia. Avancemos então.

Um passeio pela rua Dotonbori

A nossa sugestão é que tratem de ver os marcos históricos pela manhã, para ganharem fome para o que se avizinha. Assim, a primeira paragem deve ser o Castelo de Osaka, facilmente acessível de metro. Toda a zona fortificada oferece diferentes panoramas sobre a cidade e o próprio castelo, e vale a pena a visita por si só (melhora ainda mais se for na Primavera ou final do Outono). A entrada no Castelo propriamente custa 600Y - nós não visitámos porque não nos chamou a atenção e preferimos passar o nosso par de horas a explorar as redondezas.

Ali ao lado fica o Museu de História de Osaka que, apesar de não ser dos melhores museus do mundo, merece uma exploração rápida. A entrada também é 600Y (entre os cinco e os seis euros) e o que vão encontrar lá dentro é um espaço que, partindo da história da cidade, nos transporta pelas várias épocas históricas do Japão - afinal, viajar também é conhecer um pouco mais do que formou o país onde estamos. Podem até ter a sorte de ter uma lição privada sobre o mercado cambial no período em que a capital se mudou para Edo (atual Tóquio).

No castelo de Osaka

Além de tudo o mais, terão uma espetacular vista sobre o Castelo e, com um bocadinho mais de esforço, poderão ver as escavações arqueológicas que descobriram, na zona, as ruínas de dois palácios datados dos séculos VII e VIII, quando Osaka era a capital japonesa.

Já com fome? Chegou a hora de virarmos atenções para o centro da cidade, e a nossa sugestão é que comecem por explorar a rua comercial Shinsaibashi-suji, coberta e cheia de todas as lojas que podem imaginar. Vão ficar no meio da ação, e com tantas opções para o que fazer que o difícil é escolher. Façam compras, people watching e comam - mas não desperdicem todo o espaço do estômago numa única refeição (o melhor é ir experimentando um pouco de tudo).

Depois, voltem as atenções para o mercado Kuromon. Na origem, trata-se de um mercado de peixe - e é isso que vão querer experimentar - mas, claro, há de tudo um pouco. A maioria das bancas estão abertas até às 18h e, se visitarem perto do fecho, vão ver muitas reduções de 50% sobre o preço dos produtos. Que tal um caranguejo grelhado ali à vossa frente? Ou uma saudável dose de sushi fresquíssimo? Se estão mais virados para a carne, há também inúmeras bancas a vender bife Kobe e algumas outras variedades, mais ou menos amigas do bolso.

Mercado Kuromon

Quando o sol se puser no horizonte, sigam então para a mais famosa rua de Osaka, a Dotonbori, e divirtam-se a ver as multidões... há turistas, claro, mas também há locais que sabem que ali se encontram algumas das melhores refeições que podem fazer. Imperdível (já trataram do vosso takoyaki hoje, certo?) é experimentar kushikatsu - espetadas de carne, peixe, marisco e vegetais fritos que, prometo, vão deixar saudades. Podem escolher um prato com tudo, ou pedir individualmente os kushikatsu que vos parecerem melhor. A única regra para os comer, afogados num maravilhoso molho escuro (que não estou muito interessada em saber o que tem, porque não quero ter uma desculpa para fazer fritos em casa), é: nada de double-dipping.

Guia de dois dias em Quioto para madrugadores

Conjuga o moderno com o antigo de forma impressionante e é uma das cidades imperdíveis do Japão. Tem boa comida, uma excelente vibração, muitos templos e… espaços que imploram por ser visitados praticamente de madrugada. Pode custar, mas compensa fugir às multidões.

 

Dia 1 – Fusihimi Inari e o lado clássico da cidade

Como é que se dão com o jet lag na Ásia? Se são daquelas pessoas que acordam a meio da madrugada com fome e não conseguem voltar a dormir, Quioto é a cidade ideal para começar a vossa viagem no Japão. Se acordar às seis da manhã para ir trabalhar consegue ser uma tortura, vão-se sentir muito melhor se o conseguirem fazer sem qualquer tipo de esforço e sabendo que terão um praticamente deserto Fushimi Inari à vossa espera.

Efeitos visuais dos portões consecutivos é fenomenal

É esta a nossa recomendação para o vosso primeiro dia em Quioto. Chegar ao templo nos arredores da cidade é bastante fácil a partir da estação central e não há como enganar assim que começarem a ver as famosas "toriis" que tornam este espaço um dos mais turísticos do Japão.

A entrada é gratuita e durante cerca de duas horas – se estiverem interessados em fazer todo o percurso – vão atravessar milhares destes portões vermelhos, ter espaço para absorver a beleza deste espaço, sobretudo com muito pouca gente, e ver centenas de pequenos templos.

Lembrem-se de uma coisa importante: o dia está apenas a começar e promete ser longo, pelo que fazer o caminho até ao topo do Monte Inari (eu fi-lo, a Sarah não), pode ser uma armadilha para o que têm planeado para depois. A vista do topo é praticamente inexistente e, quando aparece, não surge como uma grande recompensa no final do arco-íris. Dito isto, andem de forma descontraída, escolham os vossos espaços ideais para fotografar e não se sintam pressionados a fazer o trajeto completo.

Quando se sentirem satisfeitos, poderão seguir para a zona de Higashiyama e Gion. Esta é a Quioto que nos entra pela memória: a parte mais antiga, mais clássica, longe dos prédios e edifícios modernos. Estamos em 2019 mas as ruas e as casas ajudam-nos a fazer uma viagem no tempo até ao passado.

Se estiverem com energia e pernas (e pés!) saudáveis, não precisarão de apanhar um transporte público tão cedo e poderão pulular entre templos durante as horas seguintes. De Kiyomizu-dera poderão seguir para o Sannen-zaka e o Yasaka Pagoda e, ligeiramente mais longe, o Caminho de Água do Templo Nanzenzi, o Templo Eikando e, para terminar, o chamado Caminho do Filósofo. Não sendo brilhante, é uma boa forma de dar um derradeiro passeio longe da confusão e em sintonia com a natureza.

Caminho do Filósofo convida à introspeção

Quando decidirem regressar à selva urbana, uma boa escolha poderá passar pelo Mercado de Nishiki, junto a uma das avenidas mais movimentadas da cidade. É um sítio perfeito para comer – as opções são imensas e dificilmente não quererão experimentar tudo e mais alguma coisa – e para recuperar algumas energias. A azáfama obrigar-vos-á a andar mais devagar mas não será uma perda de tempo. Querem duas recomendações adocicadas? Experimentem o fabuloso Melon Pan com uma bola de gelado e os mini donuts feitos com leite de soja do Konnamonjya. Não se vão arrepender.

O famoso Melon Pan é uma sobremesa deliciosa

Se ainda tiverem energia, aproveitem também para percorrer a rua Ponto-cho, uma pequena ruela paralela ao rio cheia de restaurantes que vos vai fazer, garantidamente, pensar que estão num outro mundo. Se a fila não for grande e estiveram preparados para comer, pode valer a pena, sobretudo nos espaços com esplanada sobre o rio, caso visitem nos meses mais quentes.

 

Dia 2 – Da floresta de Bambu aos templos do lado moderno

Se a aventura madrugadora da véspera tiver recompensado, vão sentir-se ainda mais motivados para repetir a gracinha no segundo dia. Uma vez mais, o caminho faz-se a partir da estação central de Quioto e é uma viagem curta de comboio até chegar a Arashiyama, onde está, provavelmente, a floresta de bambu mais famosa do Japão.

Haja boa disposição. Não é, Sarah?

Se acharam que o passeio por Fushimi Inari foi demasiado longo, este início de dia vai ser perfeito para compensar. Na verdade, o que se conhece das imagens é basicamente tudo o que há para visitar. Há apenas dois momentos interessantes para explorar – e fotografar -, pelo que chegar antes da multidão torna-se ainda mais urgente.

A gestão de expectativas é essencial. Não vão à espera de uma grande coisa, mas sim de um espaço agradável, pequeno e com uma atmosfera espetacular. Mas é curta e… é só isso. A partir das 07h30 já começa a haver muita gente mas, por outro lado, se chegarem muito cedo, terão de esperar ainda mais pela abertura do Templo Tenryuji, às 08h30.

Podem achar que é apenas mais um parque mas está integrado na perfeição na montanha, parecendo que estão a visitar um espaço muito maior do que na realidade é. O lago no centro é outra das características tão comuns que fazem destes jardins um must para visitar. Depois, poderão subir até ao topo da montanha para visitar o santuário de macacos que lá existe, fazer um passeio de barco pelo rio próximo ou explorar o bairro, bem típico e cheio de pequenas lojas e templos para descobrir.

Templo do Pavilhão Dourado junto ao lago

Com esta zona feita, voltem ao “centro” para explorar must sees como o Castelo de Nijo, o Palácio Imperial de Quioto e o Templo do Pavilhão Dourado. São locais muito concorridos mas que valem bastante a pena, até porque oferecem muita diversidade entre si. E se os pés aguentarem mais um pouco, há sempre um novo templo para ver: o Templo de Prata ou o Kyo-o-gokoku-ji ficaram fora dos nossos planos, mas piscam-nos o olho num eventual regresso.

Ponto-cho

Quando o percurso turístico estiver fechado, e se continuarem com energias para o final de tarde/início de noite, não hesitem em regressar à zona do Mercado de Nishiki e da rua Ponto-cho ou mesmo atravessar o rio e explorar a zona de Gion à noite. Será a despedida perfeita de uma cidade que tem tudo para ficar no vosso coração.

Tóquio em dois dias – guia para arranhar a superfície

Tóquio já está a preparar-se para os Jogos Olímpicos de 2020

Não há forma de fugir à capital japonesa numa primeira visita ao Japão, e a verdade é que, mesmo que por mais nada, a dimensão de Tóquio nos manteria ocupados durante dias a fio. Infelizmente, na nossa viagem só tivemos dois dias – e apesar de ter sabido a pouco, é o suficiente para conhecermos vários “lados” da cidade.

Dia 1 – Templos e Modernidade

Antes de nos atirarmos de cabeça pela Tóquio dos néons, das multidões e do tráfego, comecemos por ter uma ideia geral da cidade. Um ótimo sítio para o fazer é o Government Building – tem um observatório gratuito no 45.º andar e, apesar de poder ter algumas filas (cheguem cedo) é um bom ponto de partida para tirar as medidas à megametrópole que alberga mais de nove milhões de pessoas.

Vista aérea de Tóquio

Outra vantagem é que está perto de várias zonas de interesse na cidade: se os pés estiverem preparados para a caminhada, ponham-se a caminho do Templo Meiji, um oásis de verde no meio de Shibuya (uma zona mais conhecida pelo famoso cruzamento) e aproveitem para entrar num estado zen antes de enfrentarem as multidões que vão encontrar na rua Takeshita, a nossa próxima sugestão.

É uma rua bastante pequena, pelo menos para os padrões de Tóquio, mas tem provavelmente a maior concentração de pessoas por metro quadrado que vimos por aquelas bandas. Repleta de lojas de moda, cafés e restaurantes, parece ser o local e eleições para adolescentes japoneses – e é uma experiência que não terão noutro local.

É também uma boa zona para almoçar, com uma série de opções – mais, ou menos, tradicionais. Com vários restaurantes espalhados pela cidade, uma das nossas sugestões é a cadeia de restaurantes de takoyaki (umas fantásticas bolinhas de massa com polvo) Gindaco, que tem uma loja em frente à estação de Harajuku. A verdade, no entanto, é que a comida em Tóquio está muito perto de ser excecional em muitos locais, por isso parem no sítio que vos parecer melhor.

Takoyaki com queijo e mentaiko

Depois de alimentados, ponham-se a caminho da estação de Shibuya, que ali ao lado tem o cruzamento mais famoso do mundo. Tenham em atenção que a passadeira diagonal não está sempre caótica, mas é uma experiência que vale a pena – e, ao longo do dia, começa a estar cada vez mais concorrida. Depois de termos (cof cof, o Rui ter) subido ao topo do edifício Magnet onde, por 300Y, têm acesso ao observatório, descobrimos o Shibuya Parlor (no sétimo andar do mesmo edifício), um ótimo sítio para uma sobremesa ou um lanche enquanto observamos a confusão lá em baixo. Aprovadíssimo.

Toda a zona de Shibuya é um ataque aos nossos sentidos, mas é o melhor sítio para absorver – rapidamente – a atmosfera de consumo rápido e elétrico que Tóquio (também) tem. Vale a pena passar ali um par de horas para descobrir os seus recantos, fazer umas compras e, como gostamos tanto, fazer people watching.

Vista de Shibuya com parfait de chocolate

À noite, sugerimos que sigam para Akihabara (claro que, dependendo do sítio onde estão alojados, poderá fazer mais sentido alterar a ordem deste dia): realmente, é contra o céu escuro que os painéis publicitários em néon ganham vida, é à noite que os anúncios aos cafés peculiares e aos videojogos se destacam mais, é depois de o sol se pôr que se torna mais fácil imaginar os “viciados” da eletrónica a encontrar, por aqui, o seu chamamento.

Akihabara é um bairro que não devem deixar de visitar por parecer tirado dos filmes, mas também por causa da comida maravilhosa que podem encontrar: diz-se que é a zona por excelência da “comida de qualidade B” – longe das estrelas Michelin, é comida simples, acessível e deliciosa.

Dia 2 – O charme antigo de Tóquio

A nossa sugestão para o segundo dia é que comecem por explorar os Jardins do Palácio Imperial – afinal, a cidade não é só a enorme metrópole moderna em que pensamos automaticamente. O Palácio está inacessível a visitantes (é a residência oficial do imperador), mas os jardins merecem um passeio, seguido da exploração da zona exterior à fortificação (onde se destaca a ponte Seimon). A forma de termos um vislumbre de quando Tóquio ainda era Edo, e não eram os arranha-céus a paisagem à nossa frente.

No Palácio Imperial de Tóquio

Daí até Ginza, a zona mais rica da cidade, é um pulinho. Trata-se de um bairro verdadeiramente bonito e que, apesar de transpirar classe alta, não afasta os pobres de nós que não estão dentro dos seus parâmetros e tem algumas lojas ótimas para souvenirs. Ao fim-de-semana, a Chuo Dori, a maior avenida da zona, é fechada ao trânsito e torna o passeio ainda mais agradável. Sugestão se a fome apertar? A nada tradicional, mas absolutamente deliciosa cadeia de restaurantes A Happy Pancake tem um restaurante na zona, e as panquecas valem a pena. A espera, no entanto, pode levar mais de uma hora – sugerimos que vão até ao restaurante, “tirem a senha”, perguntem o tempo de espera e saiam para explorar as ruas circundantes, antes de voltarem para se refastelar.

Uma rápida viagem de metro (ou comboio) transporta-nos de Ginza até Ueno, mas é como se fôssemos até outra cidade. Muda a atmosfera, mudam as pessoas e muda até a aparência dos edifícios. Apesar de ser o local onde encontramos o jardim zoológico (e uma série de museus que talvez explorássemos com mais tempo), são os seus lagos e charcos, bem como o Templo Shinobazunoike Bentendo, que nos atraem até àquele outro “pulmão” da capital japonesa. No meio do rebuliço, conseguimos voltar a estar num sítio onde os prédios estão “ao longe” e o ruído não é o dos carros ou das lojas, mas das pessoas.

Há água ali por baixo

Perto (à distância de uma caminhada de alguns minutos ou de uma estação de comboio) fica o bairro de Yanaka – o meu preferido em Tóquio. Tinha lido sobre esta zona que “conservava o charme antigo de Tóquio” e não podia estar mais de acordo. Um passeio pelas suas ruas e ruelas até chegar ao cemitério que é a sua grande atração devia ser obrigatório para todas as visitas à capital. Não apressem a visita e esqueçam os mapas durante alguns minutos, para poderem apreciar uma cidade antiga dentro da ultramoderna Tóquio.

Finalmente, sugerimos que terminem o dia – e a curta passagem por Tóquio – em Asakusa: é uma zona que vale a pena visitar a qualquer hora, mas ao anoitecer ganha um encanto especial, já que tem várias ruas completamente cheias de restaurantes e um mercado que vos vão permitir experimentar um pouco de tudo. O templo Sensoji e a zona circundante são mais bem aproveitados com uma réstia de sol, mas a partir daí, deliciem-se. E, se ficaram compras por fazer, aproveitem a magnífica Don Quijote.

Asakusa

Perseguir o Mundial de Râguebi até ao Japão

O Japão não estava na nossa lista de prioridades no momento em que decidimos fazer a viagem. Aliás, no primeiro momento, logo em 2015, o nosso objetivo não foi necessariamente visitar este país mas sim acompanhar o Mundial de Râguebi. Ainda tínhamos quatro anos de espera pela frente, mas a ideia cresceu e concretizou-se logo no início de 2018 quando garantimos bilhetes para dois jogos em Sapporo.

Osaka é uma cidade vibrante durante o dia e à noite

Faltava mais de ano e meio para a viagem (em setembro de 2019), por isso tivemos todo o tempo do mundo para planear. Sapporo, na ilha de Hokkaido, no norte do Japão, era a única paragem obrigatória e durante meses aconselhámo-nos com amigos, conhecidos e… internautas que tinham passado por lá.

A importância do planeamento pode ser a chave, supostamente quando há um Mundial a caminho e se preveem milhares de fãs a acompanhar as seleções e a entupir o alojamento disponível. Em setembro de 2018, um ano antes, tínhamos o itinerário definido, viagem comprada e os primeiros alojamentos – sobretudo em Sapporo – reservados.

A viagem ia começar precisamente com os dois jogos para os quais tínhamos bilhetes mas depois íamos passar ainda por Osaka, Hiroshima, Quioto e Tóquio. Tirando a viagem entre Sapporo e Osaka, que faríamos de avião, todas as restantes seriam de comboio, graças ao JR Pass, o passe de sete dias que comprámos (reservando ainda em Portugal para ser mais barato) por 239 euros.

O choque cultural era uma das nossas maiores incógnitas e também fomos recolhendo dicas úteis e recomendações para alguns dos momentos da viagem. Coisas simples como não comer enquanto se anda, parar sempre nos vermelhos para peões ou não falar ao telemóvel nos transportes públicos, e ainda sobre a importância (ou não) de ter um plano de dados comprado para podermos ter internet em momentos de aperto.

Conclusão: seguimos os primeiros à risca, mas decidimos arriscar fazer a viagem sem o tal pacote, adiando para os dias seguintes uma decisão mais concreta caso sentíssemos falta desse trunfo. Não sentimos. Talvez por ter havido uma aposta forte nos últimos anos, não só a pensar no Mundial de Râguebi mas também nos Jogos Olímpicos de 2020, todas as cidades que visitámos têm uma rede de wi-fi gratuita que dá para as encomendas, havendo também inúmeros estabelecimentos comerciais com redes específicas.

Nestes últimos, destacamos a cadeia de lojas do 7-Eleven. Parece que há uma a cada esquina, há internet gratuita, comida muito boa e barata (vão à confiança) e máquinas de levantamento de dinheiro que aceitam cartões internacionais. Este último aspeto pode ser importante, sobretudo porque nem todos os sítios aceitam pagamentos com cartão.

A rede de transportes nas grandes metrópoles pode parecer caótica mas permite a deslocação de forma perfeita, pontual e adequada. Dependendo do número de viagens que façam em cada cidade, poderá ser útil comprarem passes diários. Caso não compense, a melhor dica que vos podemos dar é que comprem um cartão recarregável (Suica ou Pasmo em Tóquio, Icoca em Osaka e Quioto, por exemplo), que poderão usar por todo o país.

Escusado será dizer que a gastronomia japonesa é de comer e chorar por mais e que vale a pena experimentar (praticamente) tudo. No meu caso, saí de terras nipónicas a delirar com as deliciosas bolinhas de polvo (takoyaki) e com okonomiyaki. Mas, lá está, opções não faltam.

 

Voo (ida para Sapporo, regresso de Tóquio, por pessoa): 680 euros, Air France
Voo Sapporo-Osaka (por pessoa): 97 euros
JR Pass (para 7 dias, por pessoa): 239 euros
Alojamento em Sapporo (por noite, para duas pessoas): 100 euros
Alojamento em Osaka (por noite, para duas pessoas): 75 euros
Alojamento em Hiroshima (por noite, para duas pessoas): 42 euros
Alojamento em Quioto (por noite, para duas pessoas): 72 euros
Alojamento em Tóquio (por noite, para duas pessoas): 90 euros