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A grandeza enganadora num jogo dos LA Dodgers

Dodgers têm o maior estádio de basebol nos Estados Unidos

É difícil crescer em Portugal sem nunca ter sido sujeito a pelo menos uma referência dos Dodgers. São uma das mais famosas equipas de basebol, tiveram o primeiro afro-americano na história do desporto (Jackie Robinson) e são uma referência comum em filmes norte-americanos.

 

A ligação mais forte com Portugal é, ainda assim, outra. Desde a década de 90 que somos suscetíveis ao merchandising dos Dodgers, um pouco sem saber. Os famosos chapéus com o LA por cima da pala são da equipa de Los Angeles, tal como os NY são dos Yankees.

 

Quando era pequeno, sempre fui mais a favor dos chapéus LA do que NY mas quando chegou a hora de ir a Los Angeles já era muito mais fã de basebol do que de proteger a cabeça do sol, depois de advertências constantes dos avós. O Dodger Stadium, não muito longe da downtown, foi uma paragem obrigatória.

 

Em 2016, quando viajei com a Sarah, já tinha tido duas experiências peculiares em 2010. No primeiro jogo, como espetador comum, fui de carro e a saída foi um pesadelo, demorando mais de uma hora para percorrer poucos metros no próprio parque de estacionamento. Dias depois, já como jornalista e lugar reservado para estacionar… tive a surpresa negativa de ficar sem bateria no automóvel.

 

Fazendo o flash-forward, seis anos depois, a ideia era arranjar outra forma de ir. Como o pesadelo do trânsito é comum, há autocarros gratuitos que fazem a ligação entre a Union Station e o estádio. Assim, fácil, sem stress e sem preocupação sobre arranjar lugar para estacionar ou, ainda mais importante, temer o regresso.

 

O jogo foi a 14 de abril, contra os Arizona Diamondbacks. Não havia nada que justificasse uma grande enchente. Não era o primeiro jogo da temporada, o adversário não era um grande rival e não passava do terceiro jogo de uma série de três encontros. Por isso, não estranhámos quando vimos demasiadas lugares vazios no estádio.

 

É aqui que a experiência se torna enganadora. Comprámos um lugar relativamente central, apesar de ser num anel mais superior e, como na grande maior parte dos estádios, não tínhamos necessariamente uma grande bancada à nossa frente: apenas o verde das árvores do Elysian Park. Infelizmente, deixou de existir uma construção de letras ao estilo de Hollywood mas que diziam “Think Blue”, graças ao azul dos Dodgers. Foram danificadas uns anos antes e nunca mais voltaram ao seu lugar.

Um lugar com vista privilegiada

Parecia ser uma experiência bucólica e tranquila, mas os dados mostram outra realidade. Cadeiras vazias? Talvez, mas ainda assim a lotação superou os 40 mil espetadores. É o que acontece quando se visita o maior estádio de basebol dos Estados Unidos: a grandeza é tal que se torna enganadora. Pensamos ser poucos, mas na realidade seríamos suficientes para esgotar alguns dos mais emblemáticos estádios do país – com destaque para o Fenway Park em Boston.

 

O desenrolar do jogo é uma experiência que tem tanto de idílica como de desportiva. O ambiente de natureza rodeia-nos – os arranha-céus da downtown estão atrás de nós (a visão é igualmente incrível) – e o pôr-do-sol é progressivo enquanto no relvado jogadores das duas equipas batalham pelo triunfo.

 

O ambiente é igual a muitos outros. Há festa, um órgão que estabelece o ritmo das palmas e cânticos ocasionais, e muita comida por onde escolher. Hambúrgueres, nachos, cachorros-quentes e bebidas de meio litro para garantir que nada falta na real experiência americana.

 

O jogo disputou-se a uma velocidade alta – sobretudo para um encontro de basebol – e demorou apenas 2h36. Quando acabou, sentimo-nos felizes por termos fugido ao trânsito. Aproveitámos para fotografar Los Angeles à noite e regressámos a pé, enquanto milhares caíam na armadilha do trânsito. Felizmente, tínhamos casa à espera em Chinatown, a pouco mais de dez minutos.

 

À terceira foi de vez, pensei.