Guia de dois dias em Quioto para madrugadores
Conjuga o moderno com o antigo de forma impressionante e é uma das cidades imperdíveis do Japão. Tem boa comida, uma excelente vibração, muitos templos e… espaços que imploram por ser visitados praticamente de madrugada. Pode custar, mas compensa fugir às multidões.
Dia 1 – Fusihimi Inari e o lado clássico da cidade
Como é que se dão com o jet lag na Ásia? Se são daquelas pessoas que acordam a meio da madrugada com fome e não conseguem voltar a dormir, Quioto é a cidade ideal para começar a vossa viagem no Japão. Se acordar às seis da manhã para ir trabalhar consegue ser uma tortura, vão-se sentir muito melhor se o conseguirem fazer sem qualquer tipo de esforço e sabendo que terão um praticamente deserto Fushimi Inari à vossa espera.
É esta a nossa recomendação para o vosso primeiro dia em Quioto. Chegar ao templo nos arredores da cidade é bastante fácil a partir da estação central e não há como enganar assim que começarem a ver as famosas "toriis" que tornam este espaço um dos mais turísticos do Japão.
A entrada é gratuita e durante cerca de duas horas – se estiverem interessados em fazer todo o percurso – vão atravessar milhares destes portões vermelhos, ter espaço para absorver a beleza deste espaço, sobretudo com muito pouca gente, e ver centenas de pequenos templos.
Lembrem-se de uma coisa importante: o dia está apenas a começar e promete ser longo, pelo que fazer o caminho até ao topo do Monte Inari (eu fi-lo, a Sarah não), pode ser uma armadilha para o que têm planeado para depois. A vista do topo é praticamente inexistente e, quando aparece, não surge como uma grande recompensa no final do arco-íris. Dito isto, andem de forma descontraída, escolham os vossos espaços ideais para fotografar e não se sintam pressionados a fazer o trajeto completo.
Quando se sentirem satisfeitos, poderão seguir para a zona de Higashiyama e Gion. Esta é a Quioto que nos entra pela memória: a parte mais antiga, mais clássica, longe dos prédios e edifícios modernos. Estamos em 2019 mas as ruas e as casas ajudam-nos a fazer uma viagem no tempo até ao passado.
Se estiverem com energia e pernas (e pés!) saudáveis, não precisarão de apanhar um transporte público tão cedo e poderão pulular entre templos durante as horas seguintes. De Kiyomizu-dera poderão seguir para o Sannen-zaka e o Yasaka Pagoda e, ligeiramente mais longe, o Caminho de Água do Templo Nanzenzi, o Templo Eikando e, para terminar, o chamado Caminho do Filósofo. Não sendo brilhante, é uma boa forma de dar um derradeiro passeio longe da confusão e em sintonia com a natureza.
Quando decidirem regressar à selva urbana, uma boa escolha poderá passar pelo Mercado de Nishiki, junto a uma das avenidas mais movimentadas da cidade. É um sítio perfeito para comer – as opções são imensas e dificilmente não quererão experimentar tudo e mais alguma coisa – e para recuperar algumas energias. A azáfama obrigar-vos-á a andar mais devagar mas não será uma perda de tempo. Querem duas recomendações adocicadas? Experimentem o fabuloso Melon Pan com uma bola de gelado e os mini donuts feitos com leite de soja do Konnamonjya. Não se vão arrepender.
Se ainda tiverem energia, aproveitem também para percorrer a rua Ponto-cho, uma pequena ruela paralela ao rio cheia de restaurantes que vos vai fazer, garantidamente, pensar que estão num outro mundo. Se a fila não for grande e estiveram preparados para comer, pode valer a pena, sobretudo nos espaços com esplanada sobre o rio, caso visitem nos meses mais quentes.
Dia 2 – Da floresta de Bambu aos templos do lado moderno
Se a aventura madrugadora da véspera tiver recompensado, vão sentir-se ainda mais motivados para repetir a gracinha no segundo dia. Uma vez mais, o caminho faz-se a partir da estação central de Quioto e é uma viagem curta de comboio até chegar a Arashiyama, onde está, provavelmente, a floresta de bambu mais famosa do Japão.
Se acharam que o passeio por Fushimi Inari foi demasiado longo, este início de dia vai ser perfeito para compensar. Na verdade, o que se conhece das imagens é basicamente tudo o que há para visitar. Há apenas dois momentos interessantes para explorar – e fotografar -, pelo que chegar antes da multidão torna-se ainda mais urgente.
A gestão de expectativas é essencial. Não vão à espera de uma grande coisa, mas sim de um espaço agradável, pequeno e com uma atmosfera espetacular. Mas é curta e… é só isso. A partir das 07h30 já começa a haver muita gente mas, por outro lado, se chegarem muito cedo, terão de esperar ainda mais pela abertura do Templo Tenryuji, às 08h30.
Podem achar que é apenas mais um parque mas está integrado na perfeição na montanha, parecendo que estão a visitar um espaço muito maior do que na realidade é. O lago no centro é outra das características tão comuns que fazem destes jardins um must para visitar. Depois, poderão subir até ao topo da montanha para visitar o santuário de macacos que lá existe, fazer um passeio de barco pelo rio próximo ou explorar o bairro, bem típico e cheio de pequenas lojas e templos para descobrir.
Com esta zona feita, voltem ao “centro” para explorar must sees como o Castelo de Nijo, o Palácio Imperial de Quioto e o Templo do Pavilhão Dourado. São locais muito concorridos mas que valem bastante a pena, até porque oferecem muita diversidade entre si. E se os pés aguentarem mais um pouco, há sempre um novo templo para ver: o Templo de Prata ou o Kyo-o-gokoku-ji ficaram fora dos nossos planos, mas piscam-nos o olho num eventual regresso.
Quando o percurso turístico estiver fechado, e se continuarem com energias para o final de tarde/início de noite, não hesitem em regressar à zona do Mercado de Nishiki e da rua Ponto-cho ou mesmo atravessar o rio e explorar a zona de Gion à noite. Será a despedida perfeita de uma cidade que tem tudo para ficar no vosso coração.