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Guia para um dia em Hiroshima

 

Quando começámos a planear a nossa viagem ao Japão, era completamente claro para nós que Hiroshima tinha de fazer parte do itinerário. Apaixonados por história contemporânea, não podíamos deixar passar a oportunidade de visitar a cidade destruída pela bomba atómica em 1945. Claro que, por isso mesmo, muita da nossa visita foi passada entre os monumentos e memoriais que lembram esse dia fatídico de 6 de agosto, mas a cidade é muito mais do que isso.

Castelo de Hiroshima

(Nota prévia: a ilha de Miyajima, próxima de Hiroshima, é um destino muito popular para quem visita a segunda e poderia ser incluída numa visita de um dia, mas muito ocupado. Por ser, para nós, uma das cinco paragens que faríamos numa viagem de dez dias, decidimos que preferíamos ter uma jornada mais calma e ficar só na cidade - parece que vamos ter de voltar para explorar as redondezas.)

A minha sugestão é que comecem, assim que chegarem, pelo Museu da Paz, e que não apressem a visita. Ao contrário do que acontece noutros museus pelo Japão, toda a exposição está em inglês e são verdadeiros sucessivos murros no estômago aqueles que vamos sentindo à medida que, sala a sala, nos apercebemos da história que envolve o bombardeamento atómico de 1945.

Há várias peculiaridades que só ficámos a saber ao visitar o museu: por exemplo, que grande parte das crianças em idade escolar estavam, naquele dia, mobilizadas em "esforços de demolição" para preparem a cidade para um potencial bombardeamento inimigo - com bombas tradicionais.

O museu está muitíssimo bem conseguido e visitá-lo é uma experiência inigualável - depois, podem desanuviar pelo parque Memorial da Paz, em que está integrado, para começar a explorar uma cidade que, apesar de ter bem presente a sua história trágica, soube reerguer-se e triunfar.

Parque da Paz

Alguns dos marcos de visita mais interessantes no parque são o cenotáfio central, o memorial da chama eterna (que só será apagada quando o arsenal nuclear for eliminado de todo o mundo) o monumento aos professores e crianças vítimas da bomba atómica ou o memorial das crianças. Andando para norte, vão acabar por dar de caras com a Cúpula da Bomba Atómica - a ruína do único edifício no centro da cidade que resistiu ao bombardeamento.

A famosa cúpula de Hiroshima

Depois de uma manhã passada entre monumentos que relembram a tragédia e, ao mesmo tempo, celebram a vida e a reconstrução, o vosso estômago deve agradecer uma refeição bem composta. A nossa sugestão é que sigam por uma das maiores artérias comerciais da cidade - a rua Hondori - até ao Okonomimura: um edifício com três andares totalmente dedicados à versão de Hiroshima de um dos pratos clássicos japoneses: o okonomiyaki.

Vão à confiança, espreitem os vários restaurantes e sentem-se no que vos parecer ter melhor pinta. Mas, sobretudo, cheguem com fome.

Um okonomiyaki delicioso

Durante a tarde, explorem a zona norte do centro: primeiro, dirijam-se ao Castelo de Hiroshima para apreciar as diferenças entre esse e os vários outros que encontrarão na vossa viagem ao Japão. A entrada é 370Y, mas talvez não valha a pena o investimento - afinal, a arquitetura aprecia-se por fora.

Depois, rumem ao Jardim Shukkeien, construído originalmente em 1620 e retocado ao longo dos anos pelos sucessivos "lordes" que por ali reinaram. Foi, depois do bombardeamento atómico, reconstruído e é um belíssimo local para apreciar a passagem do tempo pela natureza - os mapas que recebem à entrada mostram-vos os melhores locais para observar as cerejeiras no verão ou a folhagem em mudança no outono, por exemplo. Um verdadeiro oásis no meio da cidade dinâmica e concorrida que Hiroshima hoje é.