Guia para ver o indispensável de Washington D.C. em três dias
Quanto tempo é preciso ficar na capital dos Estados Unidos para ver os indispensáveis? É fácil dizer que um dia (muitíssimo bem aproveitado e com muitos quilómetros nos pés) daria para explorar o National Mall e os seus monumentos, museus e memoriais, mas a verdade é que Washington merece mais do que um único dia - e aventuras para além dos limites do Mall.
Esta é a nossa proposta para aproveitar três dias na cidade... e ficar com vontade de voltar.
Dia 1 - O National Mall
Não há como fugir. Os pouco menos de dois quilómetros de comprimento do National Mall - um parque e não um centro comercial - são o coração da cidade para qualquer turista que se preze, e é por aí que deve começar o ataque a Washington.
Para quem chega de Portugal, há que abraçar o jet lag e partir à descoberta bem cedo, para bater as multidões que ao longo do dia por ali se juntam (esta dica é fundamental se - como nós - tiverem a sorte de visitar durante o pico das cerejeiras em flor, que leva multidões até ao Mall). Começando no extremo este do parque, o primeiro edifício que encontram é o Capitólio, que podem visitar fazendo a reserva do tour (gratuito) online ou rezando para que, no próprio dia, ainda haja passes disponíveis. A abertura de portas é às 08h30.
(Se conseguirem levantar-se a horas mesmo muito madrugadoras e estiverem na época das cerejeiras em flor, a nossa sugestão é que apanhem o nascer do sol do lado contrário do parque, junto à Tidal Basin, para as melhores vistas.)
O memorial a Ulysses S. Grant será apenas o primeiro de muitos que, dedicados a antigos presidentes, vão encontrar pelo caminho. Claro que as estrelas da companhia são os de Washington, Lincoln e Jefferson, que verão mais à frente.
E como para a frente é que é caminho, aproveitem para continuar pelo parque. Vão começar rapidamente a perceber que estão rodeados de museus - fazem parte do instituto Smithsonian e são todos de entrada gratuita, por isso esta é a altura de escolher o que visitar. São mais de arte? A National Gallery ou o Hirshhorn Museum estão mesmo aí. Natureza ou ciência? O museu do Ar e do Espaço e o museu de História Natural agradam a miúdos e graúdos. Preferem um crash-course em História? O museu de História Americana é uma boa opção mas, ainda mais diferente, o National Museum of the American Indian é o primeiro que vão ver - e a sua cafetaria, com o nome pomposo Mitsitam Native Foods Cafe, tem a comida que não sabiam que vos faltava provar.
Contem com um par de horas para visitar a(s) vossa(s) escolha(s) e ponham-se depois a caminho para a próxima paragem, sempre tendo como referência o Washington Memorial - que, afinal, é o monumento que associamos à cidade. Apesar de estar fechado para obras quando visitámos, já reabriu e os bilhetes estão disponíveis online, antecipadamente, pelo que poderá ser uma opção para os fortes que não sofrem de vertigens.
É para lá do obelisco que entram na parte mais interessante - na minha opinião, claro - do parque. Os monumentos e memoriais multiplicam-se e todos trazem qualquer coisa de novo. A Reflecting Pool conduz-nos até ao Lincoln Memorial mas, pelo caminho, há mais para ver: do lado direito, sugerimos uma passagem pelo Monumento aos Veteranos do Vietname; do lado esquerdo (ou já depois de se porem lado a lado com Lincoln), pelo Monumento aos Veteranos da Guerra da Coreia.
O Lincoln Memorial vale por si e pela frase de Martin Luther King, Jr. gravada na pedra, mas também pela vista que nos abre sobre esta artéria verde no meio da capital americana e pelo convite à reflexão que nos faz quando aproveitamos os degraus para descansar um pouco. Os rangers (o National Mall é um parque florestal) andam por ali a responder às questões dos turistas, e é boa ideia absorver um bocadinho do conhecimento.
Recarregadas as baterias, rumem agora à Tidal Basin, a reserva em redor da qual estão a maioria das cerejeiras que, na primavera, dão um show que atrai milhares. Os memoriais dedicados a Martin Luther King, Jr. e a FD Roosevelt (este último é, provavelmente, o meu preferido) ficam em caminho. Depois, terminem esta aventura no Mall junto do Jefferson Memorial.
Se vos sobrar dia, podem fazer uma visita ao Arlington Cemetery logo depois do Lincoln Memorial (fica a cerca de um quilómetro e meio a pé, e fecha às 19h00) e, depois, retomar o passeio junto à Tidal Basin. Mas a verdade é que, com tanto para ver, difícil será chegar ao fim do percurso antes de o cansaço se instalar.
Dia 2 - Explorar o centro
A não ser que este vosso dia 2 seja uma segunda-feira, recomendamos que comecem com uma visita ao Eastern Market, para um pequeno-almoço reforçado ou (só ao fim-de-semana) para explorarem o mercado de rua que ocupa o espaço com... o que calhar. Uma forma bem-disposta de começar o dia.
Depois, rumem à Biblioteca do Congresso (fechada ao domingo) para uma visita rápida, e absorvam a imponência do Supremo Tribunal, ali ao lado, antes de seguirem para a Constituition Avenue, onde fica o melhor museu que alguma vez foi criado: o Newseum. Quando visitámos, não havia sombra no seu futuro: as últimas notícias dão, no entanto, conta do seu encerramento no final de 2019. Esperamos que aproveitem o próximo mês e meio para o visitar, e perder-se por lá muito mais do que um par de horas. Uma visita marca-nos de forma profunda, por ser um modo diferente de olhar para a história que já conhecemos: o Unabomber, o Muro de Berlim, o 11 de Setembro…
Um pouco mais à frente ficam os National Archives - encerram ao fim-de-semana -, outra visita que recomendamos. Se este itinerário começa a parecer um tour dos edifícios governamentais é porque, de certa forma, a capital norte-americana é exatamente isso: uma reunião de serviços do governo que se prestam, ali, a ser escrutinados pelo público. É nos arquivos que podem ver as cópias da Declaração da Independência ou da Constituição americana, mas também uma série de exposições mais interativas sobre os direitos conquistados ao longo dos anos. Não é necessário reservar antecipadamente os bilhetes mas, dependendo da altura do ano, talvez essa seja uma boa ideia.
Por esta altura esperamos que já estejam bem almoçados e prontos para mais uns metros de caminhada, sempre muito fácil: é seguir a Pennsylvania Avenue até chegar à morada mais famosa do mundo, no número 1600. Pelo que conseguimos entender, a visita à Casa Branca só é possível para americanos, uma vez que o pedido deverá ser submetido aos membros do congresso do respetivo estado, mas uma fotografia do famoso edifício terá de fazer parte das memórias que se trazem de Washington, seja quem for o morador da altura.
Para o final da tarde, sugerimos que explorem a zona da Chinatown (onde também fica a Capital One Arena, "casa" dos Capitals e Wizards). Apesar de já não ser propriamente muito autêntica, e de ter muitos poucos chineses a chamar-lhe casa, é uma área rica em comércio e com algumas decorações tradicionais chinesas que vale a pena "caçar".
Dia 3 - Georgetown e arredores
Há alguns monumentos na zona de Washington D.C. que não podem ficar fora do roteiro, apesar de serem pouco mais do que uma estátua: é o caso do Memorial de Guerra dos Fuzileiros, que fica em Arlington, bem perto do famoso cemitério. Sim, é "só" uma estátua, mas é uma estátua que faz parte do nosso imaginário, de postais, de filmes, de uma iconografia da guerra que temos sempre presentes (há quem o conheça por Memorial de Iwo Jima). Chega-se lá facilmente a partir da estação de metro de Rosslyn.
Depois, se não o incluíram no primeiro dia, devem visitar o cemitério de Arlington, o cemitério militar onde estão enterrados quase todos os americanos mortos em combate nos (numerosos) conflitos em que os Estados Unidos participaram. O centro de visitantes localizado à entrada tem mapas do enorme espaço, mas outra opção será deambularem por entre as campas e memoriais livremente. Há dois presidentes enterrados em Arlington, Taft e Kennedy, e a campa deste último é uma das mais visitadas de todo o cemitério; outra é, sem dúvida, a do soldado desconhecido, onde podem assistir, de hora a hora (a cada meia hora no verão), ao render da guarda, numa cerimónia sempre muito concorrida.
Feita toda a exploração do lado de lá do rio Potomac, rumem então a Georgetown – poderão ver o complexo de Watergate ao cruzar a ponte -, uma das zonas mais bonitas de toda a cidade, e ideal para um almoço e um passeio bem longo durante a tarde. Associada, claro está, à universidade com o mesmo nome, é uma área cheia de jovens, cafés e lojas com pinta e edifícios históricos lindos. Explorar a proximidade ao rio e ao canal C&O (Chesapeake and Ohio) é uma regra de ouro para aproveitar bem a visita a Georgetown, assim como explorar as "old houses" que salpicam todo o bairro. Uma caminhada ao longo do Potomac ao pôr do sol é a forma perfeita de encerrar uma visita de três dias à capital norte-americana.