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Ir a Cardiff ver os gigantes do râguebi

 

«Um dia vou ver um jogo de Gales ao Millennium.»

 

Quando escrevi esta publicação no Facebook a 1 de outubro de 2012, estava longe de saber o que o futuro me tinha reservado. Sim, já conhecia o Rui mas nunca tínhamos viajado juntos. A estreia com Paris, em janeiro de 2013, ainda não fazia parte dos planos e nenhum de nós sabia que nos íamos tornar obcecados não só com viagens mas também com desporto em viagens.

 

(Also available in English)

 

Tudo isto torna ainda mais curioso que a 1 de outubro de 2015, exatamente três anos depois, o sonho que tinha revelado com uma frase simples se concretizasse: ver a seleção galesa de râguebi a jogar em casa, a mais emblemática, em Cardiff.

O famoso "chapéu" galês...

Podia dizer que foram só facilidades: metemo-nos num avião até Londres, apanhámos o autocarro e comprámos bilhetes para um jogo de Gales. Mas a verdade é que não foi nada assim. A história começou no início de 2014, quando decidimos que gostávamos de assistir a alguns jogos do Mundial que se disputava no ano seguinte no Reino Unido.

 

E se o primeiro passo estava dado e a decisão tomada, vinha agora tudo o resto: olhar para o calendário, perceber a que jogos queríamos e podíamos assistir, como chegaríamos lá, como seria com as férias necessárias...? Eu, claro, queria ver Gales. No Millennium, se fosse possível. E também ficaria muito contente se visse os All Blacks, se não fosse pedir muito.

 

Como os deuses do planeamento gostam de nós, prepararam dois jogos a 1 e 2 de outubro em Cardiff: Gales-Fiji e Nova Zelândia-Geórgia. Estava decidido, agora restava esperar... pelo sorteio para a compra de bilhetes, em setembro de 2014 (sim, sim, mais de um ano antes), e ver se conseguíamos ter a estrelinha da sorte do nosso lado.

 

Em setembro fizemos a candidatura para os dois jogos na categoria D (a mais barata) e um mês depois recebemos os resultados: não tínhamos bilhetes para o jogo de Gales. Sim, íamos a Cardiff, e sim, íamos ver os melhores do mundo, mas o meu sonho não se ia cumprir.

Râguebi invadiu as muralhas de Cardiff

Claro que, porque são atentos, percebem que a coisa não acabou aqui. Um mês depois abriu a venda geral ao público - posso escrever um post inteiro sobre o processo de venda dos bilhetes para o Mundial de râguebi, que repetimos para o Japão, mas não é o momento - e havia bilhetes para o Gales-Fiji. Na categoria C, bastante mais cara que a nossa escolha de "vamos gastar o mínimo possível". Mas havia. E nós já íamos estar lá no dia 2... E quantas oportunidades havemos de ter para ver Gales no Millennium? Pronto, seja. Comprámos os bilhetes. A 26 de novembro de 2014 ficou confirmado que dez meses e uns dias depois, estaríamos em Cardiff.

 

Entrámos numa nova fase: a viagem propriamente dita. Como chegar a Cardiff? Onde ficar? Claro que, nas três ou quatro semanas em que dura um mundial, as cidades que o recebem estão viradas do avesso. A antecedência era fundamental. Depois de ver as alternativas, optámos por voar para Londres e apanhar um autocarro até Cardiff. Lá, ficaríamos uma noite - de 30 de setembro para 1 de outubro - e, depois do jogo de Gales, seguiríamos para Swansea para a seguinte (porquê? Porque conseguimos reservar um quarto por 39 libras para a primeira noite, mas os preços mais baratos para o dia 1 começavam nas 300 libras). A terceira noite ia ser passada entre um átrio de hotel onde conseguíssemos beber um chá e o autocarro de volta para Londres, que partia às 4 da manhã.

 

Tínhamos tudo pronto, só restava esperar pelo dia da partida. Ia tudo correr bem - e correu mesmo (ou teria corrido se não tivesse havido um carro a incendiar-se numa autoestrada qualquer no meio de Inglaterra que transformou uma viagem de três horas e meia numa tortura de sete horas. Sem comida).

 

Cardiff não desiludiu. Há qualquer coisa de especial numa cidade que recebe uma grande competição desportiva: já o tinha notado em Berlim, em 2006, mas essa era uma enorme capital europeia. Cardiff é uma cidade que se percorre em duas horas de uma ponta a outra. Tudo cheirava a râguebi; dizer que o ambiente era festivo é o understatement do ano.

 

Aos apoiantes das equipas que jogavam naqueles dias juntaram-se milhares de pessoas que conseguiram bilhetes para um daqueles jogos e faziam longas viagens para chegar ao Millennium. John foi um deles: assistiu ao nosso lado ao encontro entre Gales e Fiji e, quando percebeu que éramos turistas, não conseguiu evitar meter conversa. «Estão a torcer por Gales porquê?» foi a pergunta feita de chapa. Lá expliquei o meu amor aos galeses, e aproveitámos o intervalo para saber um pouco mais sobre o inglês que estava ali - como tantos outros - a apoiar as Fiji. Tinha chegado a Cardiff de táxi, durante a tarde, vindo de Londres, e partiria logo depois do jogo. Porquê? «Consegui bilhete e, no final de contas, compensa mais ir e vir de táxi do que estar a pagar balúrdios para apanhar o comboio em horários pouco amigáveis. Hoje foi dia de trabalho.»

Adeptos de Fiji entre galeses

Para os que, vindos de fora, ficaram por aqueles dias na zona, Swansea foi uma escolha popular: não fomos os únicos a esperar na fila para chegar de comboio até à cidade vizinha e andar uns largos minutos da estação até aos hotéis do centro. E se Swansea não é o meu destino favorito, não posso dizer que a viagem de regresso a Cardiff no dia seguinte, em plena luz do dia, não tenha sido um regalo para os olhos.

 

Estar num Mundial (de qualquer modalidade, provavelmente) é uma experiência única. Para mim, foi além de tudo o resto um sonho tornado realidade: tinha visto Gales a jogar no Millennium. Mas agora não podia parar: próxima paragem, Japão-2019.

 

Voo (ida e volta, por pessoa): 75 euros (para Londres, Ryanair)

Autocarro (ida e volta, por pessoa): 12 euros (Londres-Cardiff, Megabus)

Alojamento (por noite, para duas pessoas): Cardiff, 46 euros / Swansea, 65 euros

 

 

 

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